Fundos de Pensão: líder do PPS critica blindagem do governo na CPI e diz que oposição não se calará

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Líder do PPS na Câmara e deputado federal pelo Paraná, Rubens Bueno (PR) defendeu, nesta sexta-feira (8), investigação irrestrita de todos os envolvidos em esquemas de desvios dos fundos de pensão. O parlamentar, que é autor do requerimento de criação da CPI dos Fundos de Pensão, criticou a blindagem feita pelo governo federal para evitar investigações do colegiado. Apesar das dificuldades, Bueno afirmou que o PPS não ficará calado e fará de tudo para “passar a limpo” a corrupção instalada nos fundos.

A declaração foi feita após a divulgação pela imprensa das declarações do procurador-geral da República que afirmou haver indícios de propina paga ao PT e PMDB com recursos dos fundos de pensão. Ele destacou os requerimentos apresentados pelos deputados do PPS, Raul Jungmann (PE) e Arnaldo Jordy (PA), pedindo a convocação e a quebra dos sigilos bancário, financeiros e telefônico dos envolvidos.

O parlamentar defendeu uma investigação aprofundada de todas as práticas de corrupção nos fundos. Contudo, ele criticou a blindagem feita pelo governo federal e partidos da base na CPI dos Fundos de Pensão.

“Temos que investigar a tudo e a todos. Temos que dar uma resposta para a sociedade. Principalmente para aqueles servidores que acreditaram e depositaram lá seu dinheiro esperando um futuro tranquilo ao se aposentarem. Infelizmente o governo, que deveria ser o principal interessado em resolver toda essa bandidagem, faz o contrário: blinda para não apurar aquilo que deve ser apurado. É vergonhoso”, afirmou.

Para Bueno, a Câmara não se faz respeitar nem mesmo por seus próprios membros que, na sua visão, abrem mão de suas prerrogativas parlamentares de fiscalizar e investigar para atender os interesses obscuros do governo federal.

“Já que a Câmara não age, temos o MPF e a PF tomando providências. Infelizmente, nós da oposição, não temos uma maioria para fazer a CPI investigar, quebrar sigilos, etc. Mesmo assim continuaremos insistindo em uma apuração aprofundada. A comissão foi prorrogada por mais 60 dias, o que é bom. Usaremos esse período para darmos sequência nas apurações.”, disse.


Efeito cascata

O vice-líder da Minoria na Câmara, deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), protocolou na CPI dos Fundos de Pensão requerimento de convocação de envolvidos em suposto esquema de repasses de propina oriundos dos fundos de pensão. Já o vice-líder do PPS na Câmara, deputado Arnaldo Jordy (PA), entrará com pedido de convocação e de quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Em sua justificativa, Jungmann mostrou preocupação com as declarações dadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que afirmou haver fortes indícios de repasse de propina ao PT e PMDB com recursos desviados dos fundos de pensão. No documento, o parlamentar solicita a convocação do ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro; do ex-diretor da FUNCEF, Carlos Augusto Borges; do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto; e do ex-presidente da PREVI, Ricardo Flores.

“Todos os mencionados são suspeitos de participarem de desvios dos fundos. Janot vê indícios de repasse de propina ao PT e PMDB em esquema fraudulento de adesão dos fundos de pensão na compra de títulos de dívida, debêntures, da empresa OAS, o que certamente pode ter se dado em prejuízo do patrimônio dessas instituições. Isso tudo precisa ser investigado”, defendeu.

Olho do furacão

Arnaldo Jordy destacou a necessidade de convocar o presidente Eduardo Cunha tendo em vista a sua participação no esquema. O deputado destacou que as mensagens aprendidas no celular de Léo Pinheiro indicam que Cunha também teria cobrado “vantagens indevidas” por operações de capitalização das empresas do grupo OAS.

“Cunha precisa ser convocado para se explicar mais essa sujeira. Queremos saber como se deu a sua participação nessa história. Devidos aos novos fatos pediremos também a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico para podermos confrontar as informações. A sociedade está cansada de tanta corrupção e o Congresso tem o dever de dar as repostas necessárias para punir com rigor todos aqueles que dilapidam os cofres públicos”, afirmou.

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