Ex-diretor da área Internacional da Petrobras e um dos principais delatores da Operação Lava-Jato, Nestor Cerveró declarou à Procuradoria-Geral da República que o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) afirmou, em setembro de 2013, que a presidente Dilma Rousseff havia lhe garantido que estavam à sua disposição a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora.
Em depoimento prestado em dezembro do ano passado, Cerveró relatou os bastidores das indicações para cargos estratégicos na Petrobras, principalmente na BR Distribuidora, apontada pelos investigadores como ‘cota’ pessoal do ex-presidente e atual senador Collor.
Em determinado trecho de seu relato, o ex-diretor da estatal citou duas vezes a presidente Dilma. “Fernando Collor de Mello disse que havia falado com a Presidente da República, Dilma Rousseff, a qual teria dito que estavam à disposição de Fernando Collor de Mello a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora. Fernando Collor de Mello disse que não tinha interesse em mexer na presidência, e nas diretorias da BR Distribuidora de indicação do PT”, declarou Cerveró.
Ele ainda disse ter ouvido o relato de Collor sobre suposto encontro com Dilma durante uma reunião em Brasília, que teria ocorrido, conforme o delator, em setembro de 2013. Na ocasião, Cerveró estava empenhado em se manter no cargo de diretor Financeiro e Serviços da BR Distribuidora – subsidiária da Petrobrás -, que assumiu após deixar a área Internacional da estatal petrolífera. Cerveró ressaltou que Pedro Paulo Leoni o chamou para uma reunião com Collor na Casa da Dinda, residência do ex-presidente.
Segundo Cerveró, Collor disse na reunião “que não tinha interesse em mexer na presidência” e “nas diretorias da BR Distribuidora”. O ex-diretor afirmou que tais nomes eram indicação do PT – José de Lima Andrade Neto, presidente; Andurte de Barros Duarte Filho, diretor de Mercado Consumidor; e ele próprio, como diretor Financeiro e de Serviços.
Nestor Cerveró declarou que “ironicamente agradeceu” a Collor por ter sido mantido na BR e citou um ex-ministro de Collor na Presidência, o empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, o PP. “Depois, (Pedro Paulo Leoni) disse ao declarante que Fernando Collor havia ficado chateado com a ironia do declarante, uma vez que pareceu que o declarante estava duvidando de que Fernando Collor de Mello havia falado com Dilma Rousseff. Nessa ocasião, o declarante percebeu que Fernando Collor realmente tinha o controle de toda a BR Distribuidora”.
O delator disse que, então, entendeu a força de Collor na BR. “Nessa ocasião o declarante percebeu que Fernando Collor de Mello realmente tinha o controle de toda a BR Distribuidora”, afirmou. “Fernando Collor de Mello e Pedro Paulo Leoni Ramos mantiveram o declarante no cargo para que não atrapalhasse os negócios conduzidos por ambos na BR Distribuidora; que esses negócios eram principalmente a’ base de ‘distribuição de combustíveis de Rondonópolis/MT e o armazém de produtos químicos de Macaé/RJ”.
Em outra ocasião, em que seu nome foi ligado à BR Distribuidora, Fernando Collor negou enfaticamente “ter exercido qualquer ingerência – muito menos pressão – sobre a Petrobras ou sua subsidiária BR Distribuidora”.