Crise avança no País e 2,5 milhões de pessoas entram na seara do desemprego em apenas um ano

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“Nunca antes na história deste país”. Eis o bordão gazeteiro criado pelo então presidente Luiz Inácio da Silva para cutucar seus adversários, como se o governo do Partido dos Trabalhadores fosse um exemplo a ser seguido. Enquanto os petistas tentam esconder a realidade – duríssima, é preciso destacar –, a realidade econômica do país aponta na direção contrária do que alardeiam os palacianos.

De acordo com os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego continua avançando de forma preocupante. No trimestre encerrado em outubro de 2015, 2,5 milhões de pessoas passaram a buscar uma vaga de trabalho, alta de 38,3% em relação a igual período de 2014. Trata-se do maior avanço já verificado na série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.

Com esse cenário que reforça sobremaneira a crise, o Brasil tinha, no trimestre até outubro do ano passado, 9,1 milhões de desempregados, contingente que assusta diante da carestia que o brasileiro há muito enfrenta no cotidiano. A taxa de desocupação saltou para 9% no mesmo período, igualmente o pior resultado série e o décimo aumento consecutivo do indicador, que completa quase um ano de rápida deterioração.

A forte redução no número de trabalhadores com carteira assinada no País é um dos graves fatores que estão por trás do aumento da procura por emprego, explicou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. No trimestre até outubro de 2015, 1,2 milhão de pessoas perderam o emprego formal em relação a igual mesmo período do ano anterior, de acordo com a Pnad Contínua.

“O emprego com carteira tem FGTS, plano de saúde, uma série de garantias. Há a própria garantia do emprego. Mas os brasileiros têm tido a estabilidade afetada, um rendimento menor. Diante disso, outros membros da família (antes inativos) acabam saindo para buscar emprego”, detalhou Azeredo. “O maior contingente de desocupados é esperado para janeiro. Esse resultado quebra a sazonalidade da série”, completou o coordenador.


O ingresso de 2,5 milhões de pessoas no contingente de desocupados em apenas um ano mostra que a busca por emprego tem crescido em ritmo cada vez mais intenso. Isso porque a inflação vem corroendo o poder de compra do salário, o que obriga pessoas da mesma família a buscarem uma ocupação como forma de aumentar a renda. “Enquanto ocorrer redução na carteira assinada, a tendência é isso (procura por vaga) aumentar”, afirmou Azeredo.

Diante da dificuldade do cidadão em encontrar vaga de trabalho, a saída é trabalhar por conta própria, movimento que vem crescendo nos últimos tempos. Em um ano, o universo dos que trabalham por conta própria ganhou 913 mil novos adeptos, segundo o IBGE. “Isso não é uma opção. É uma falta de opção. Ele precisa virar conta própria, porque está tendo perda de renda e emprego”, disse o coordenador do órgão.

Por conta desse quadro, a ocupação não tem registrado grandes reduções, pois nas consultas o autônomo é considerado como ocupado. No trimestre até outubro de 2015, houve queda de 0,3% na população ocupada, na comparação com o mesmo período do ano anterior (-285 mil vagas), variação considerada estável pelo IBGE.

“Não é a população ocupada que está caindo. Essas pessoas estão se inserindo no mercado de trabalho por outros meios”, destacou. Como o rendimento da pessoa que trabalha por conta própria é menor, há a necessidade de que outros membros da família complementem a renda.

O aumento no número de desempregados no País mostra que a recessão começa a produzir estragos mais sérios. Isso porque quando a crise mostra-se pontual, o empresário mantêm os trabalhadores, pois o custo de treinamento e adequação ao trabalho não justifica a dispensa. Contudo, quando a recessão dá sinais de resistência, a demissão torna-se inevitável.

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