Moro destrói defesa de Gleisi: “Está comprovado que corrupção da Petrobras abasteceu campanhas”

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O juiz federal Sérgio Fernando Moro, responsável na primeira instância da Justiça pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato, destroçou a principal tese da defesa de Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), no inquérito que responde no STF (Supremo Tribunal Federal) e nas investigações, em que está envolvida. Os advogados de Gleisi sustentam que não existe comprovação de que propinas com origem na Petrobras financiaram campanhas políticas, entre elas as de Gleisi.

Moro afirma que está “comprovado” que propinas da corrupção na Petrobras abasteceram campanhas políticas por meio de doações oficiais. Grande parte das campanhas da petista – 2006, 2008, 2010 e 2014 – foi financiada por empreiteiras do Petrolão ou com contratos no governo federal.

Gleisi, no entanto, se defende e afirma que todas as doações foram oficiais e dentro da lei. Contudo, no seu despacho ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Moro afirmou que “reputou-se comprovado o direcionamento de propinas acertadas no esquema criminoso da Petrobras para doações eleitorais registradas (na Justiça Eleitoral)”.

Além de doações supostamente legais, mas com possível origem em esquemas de corrupção, Gleisi está sendo investigada pela prática de corrupção e caixa 2. É o caso do inquérito a que a petista responde por corrupção passiva qualificada no STF, no qual é acusada de receber R$ 1 milhão em propina, dinheiro desviado da Petrobras e não declarado na contabilidade de sua campanha em 2010. Apesar dos desmentidos da petista, o repasse do dinheiro foi sustentado nas delações do doleiro Alberto Yousseff e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Delações aprovadas pelo STF.


O inquérito do STF é um dos casos de suspeição das movimentações financeiras nas campanhas de Gleisi Hoffmann. A petista é investigada em mais quatro frentes pela Polícia Federal em decorrência das revelações apuradas pela Lava-Jato e em uma delas por desvio de R$ 7,2 milhões do Ministério do Planejamento, através do escritório do advogado Guilherme Gonçalves. O ex-vereador Alexandre Romano, o “Chambinho”, que entregou o esquema, também assinará acordo de delação premiada e revelará detalhes do desvio do dinheiro.

Em outra frente, o Ministério Público Federal aponta que R$ 113 milhões podem ter sido desviados da Repar, dos quais R$ 5 milhões podem ter abastecidos as campanhas da senadora. Na prestação de contas da petista no TSE se constata que em quatro campanhas (2206, 2008, 2010 e 2014), Gleisi recebeu R$ 5 milhões através de doações suspeitas de sete empresas com serviços prestados na Refinaria Getúlio Vargas em Araucária e investigadas pela Operação Lava Jato.

O grosso dos repasses das empreiteiras se concentrou nas campanhas de 2008 (Gleisi disputou a prefeitura de Curitiba e perdeu) e de 2010 (ao Senado). Em 2008, Gleisi recebeu R$ 1,1 milhão da Camargo Correa (R$ 500 mil), OAS (R$ 250 mil), UTC (R$ 250 mil) e Mendes Junior (R$100 mil). Em 2010, Gleisi recebeu mais 2,8 milhões da Camargo Correa (R$ 1 milhão), OAS (R$ 780 mil), UTC (R$ 250 mil), Coesa (R$ 220 mil), Fujiwara (R$ 300 mil) e IBQ Indústrias Químicas (R$ 250 mil).

Nota-se que 2008 e 2010 foram os anos de pico nas obras de ampliação da Repar, suspeitas por superfaturamento e investigadas pelo TCU. As suspeitam apontam desvios de R$ 85,9 milhões desviados das obras e metade desse total, R$ 43 milhões, foram para engordar os cofres do PT. Na campanha de 2006 (a primeira tentativa ao Senado), Gleisi recebeu R$ 220 mil de duas empreiteiras: OAS (R$ 100 mil) e UTC (R$ 100 mil). A UTC repassou mais R$ 900 mil para a campanha de Gleisi em 2014 (derrotada ao governo do paraná).

Até o momento, quatro contratos referentes ao pacote de obras de ampliação e modernização da Repar, lançado em 2006, já se tornaram alvos da Lava Jato com base nas mais de 30 denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal à Justiça Federal. Para o MPF, houve pagamento de propina nos contratos da refinaria firmados com o Consórcio Skanska/Engevix, Consórcio Conpar (Norberto Odebrecht, OAS e UTC), Consórcio CCPR (Camargo Corrêa e Promon) e Consórcio Interpar (Mendes Júnior, Setal e MPE). No total, em relação aos quatro contratos, o MPF já apontou cerca de R$ 113 milhões de propina até agora.

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