A mineradora Samarco, que foi notificada a apresentar até esta quarta-feira (17) um novo plano de recuperação ambiental para as áreas afetadas pela lama, cogitou solicitar ao IBAMA para prorrogar o prazo, mas acabou cumprindo estabelecido inicialmente. Em reuniões técnicas, a mineradora alegava a necessidade de mais tempo para aprofundar o relatório, rejeitado em 28 de janeiro pelo órgão ambiental, que o considerou “genérico”.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Samarco informou que não comentaria o assunto, enquanto o IBAMA afirmou que “eventuais pedidos de adiamento de prazo serão analisados”.
De acordo com a nota técnica do IBAMA, o plano inicial apresentado pela mineradora fez um “diagnóstico extremamente superficial dos danos”. O órgão criticou, por exemplo, o fato de a Samarco não citar quais espécies de fauna e flora foram afetadas, quais estão em risco de extinção e quantas têm distribuição restrita aos locais atingidos pela lama.
“Em relação aos impactos sobre os organismos aquáticos, verifica-se a tendência a subestimar o problema, inclusive se omitindo completamente em relação ao volume e à diversidade de peixes encontrados mortos ao longo da bacia do Rio Doce”, ressalta a nota.
Conforme o IBAMA, as ações têm pouco embasamento metodológico e científico e, além disso, a empresa não estimou prazos para cumpri-las, o que impossibilitaria o acompanhamento das metas.
No dia em que o plano foi rejeitado, a Samarco afirmou que os pontos de aprimoramento sugeridos seriam incorporados ao documento. A mineradora, cujas sócias são a Vale e a BHP Billiton, é a responsável pela barragem de Fundão, que rompeu em 5 de novembro, causando um “tsunami” de lama que devastou distritos de Mariana (MG) e provocou sérios danos ambientais no Rio Doce.