Crise migratória: Justiça francesa autoriza demolição parcial da “Selva de Calais”

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Um tribunal francês autorizou nesta quinta-feira (25) a demolição parcial de um acampamento de refugiados nas imediações de Calais – cidade portuária no norte do país, de onde milhares esperam partir para o Reino Unido. O local ficou conhecido como “Selva de Calais”.

O prazo final concedido para que cerca de mil migrantes deixassem a parte sul da “selva”, densamente ocupada, expirou nesta quinta-feira. As autoridades disseram que, se necessário, removerão as pessoas à força, para então transferi-las para contêineres na região e outros centros de acolhimento. Críticos da evacuação haviam levado a questão à Justiça, na esperança de suspender a desocupação.

O tribunal, na cidade de Lille, determinou que as tendas usadas pelos migrantes poderão ser destruídas, mas que áreas comuns, como escolas, um teatro e um local de culto, serão mantidas.

Autoridades estimam que entre 800 e mil migrantes serão afetados. Entretanto, ONGs acreditam que somente a parte sul da “selva”, a ser demolida, abrigue 3.400 pessoas, mais que o triplo das estimativas oficiais.

O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, disse nesta semana que a evacuação do acampamento seria gradual e que havia lugar suficiente para todos os refugiados – na própria região ou em outras áreas da França. Ao anunciar os planos de desocupar a “Selva de Calais”, as autoridades citaram preocupações com segurança e condições sanitárias no local, além da ameaça à imagem de Calais.


Os repetidos esforços dos migrantes para atravessar o Canal da Mancha, muitas vezes escondidos em caminhões, atrapalhou o tráfego na rota vital entre a França e o Reino Unido, foi motivo de tensão entre a população local e forçou a polícia francesa a reforçar seu contingente na área.

Críticos afirmam que acabar com o acampamento provavelmente não resolverá o problema e apenas aumentará o sofrimento dos migrantes, sobretudo de cerca de 400 menores desacompanhados.

Os migrantes em Calais são, na maioria, pessoas que fogem de conflitos em países do Oriente Médio ou da África. Eles são atraídos para o Reino Unido em razão de laços familiares ou com a comunidade no país. Muitos dos residentes da “selva” prometem resistir à ordem de desocupação, alegando falta de perspectivas, além da possibilidade de uma nova vida em solo britânico.

Nesta quarta-feira, a Bélgica reforçou os controles na fronteira próxima a Calais para evitar que os refugiados evacuados entrassem no país, na esperança de seguir para o Reino Unido através do porto de Zeebrugge. Cazeneuve criticou a medida, afirmando não ter sido notificado e não acreditar que transferir migrantes do acampamento miserável fosse fazer com que muitos se dirigissem para o país vizinho. (Com agências internacionais)

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