A decisão tomada recentemente pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no caso de condenações em segundo grau, que a partir do novo entendimento devem ser cumpridas imediatamente, pode provocar uma revolução na seara da Operação Lava-Jato.
Considerando o fato de que na operação que desmontou o maior esquema de corrupção da História há muitos condenados nesta situação, os quais apostavam em recursos a instâncias superiores para responder aos respectivos processos em liberdade, é grande a chance de aumento do número de delações premiadas. Essa tese já cresce entre os executivos da Construtora Norberto Odebrecht, cujo presidente licenciado, Marcelo Odebrecht, encontra-se preso em Curitiba por ordem do juiz Sérgio Moro e insiste em manter-se em sepulcral silêncio.
Um dos alvos da Lava-Jato que pode aderir à delação premiada é o ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas Ilário, preso no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Grande Curitiba, onde divide o cotidiano com o “companheiro” José Dirceu de Oliveira e Silva, o outrora Pedro Caroço.
A situação de André Vargas pode piorar sobremaneira nas próximas semanas, pois a força-tarefa da Lava-Jato descobriu, em meio às investigações, outra empresa que foi usada pelo ex-petista em fraudes e atos e corrupção cometidos no Ministério da Saúde.
De propriedade de Vargas e dois outros sócios – Marcão e Alceu – a empresa já passou por um pente-fino por parte dos investigadores da Lava-Jato, o que pode levar os envolvidos para a cadeia a qualquer momento, uma vez que os atos criminosos já foram devidamente mapeados, inclusive com a identificação dos servidores que participaram do esquema ilegal.
Sócio e quase irmão-camarada de André Vargas, um empresário de Brasília, que atende pelo nome de Alceu, continua exalando soberba por onde passa, não sem antes tratar com desdém as pessoas que frequentam o seu entorno. Acostumado a viver com detalhes de requinte e viagens internacionais constantes, o que tem chamado a atenção das autoridades, o tal Alceu parece não se preocupar com os próprios atos. Trocou um caro e confortável apartamento de cobertura no setor Noroeste de Brasília por invejável mansão na porção sul do Lago Paranoá, onde guarda, entre tantos pertences, a sua frota de carros importados. O jatinho, que muitas vezes serviu para Vargas dar seus pulos Brasil afora, já não faz parte do patrimônio do arrogante empresário, segundo informações, mas mesmo assim a PF está no encalço da aeronave.
No momento em que André Vargas começar a falar o que sabe como forma de garantir uma redução na pena condenatória, que somados os delitos não será suave, a capital dos brasileiros era pequena para os seus comparsas se esconderem. Sempre lembrando que a força-tarefa da Lava-Jato há muito monitora os alarifes, aguardando o momento ideal para pedir a prisão dos mesmos.