Lava-Jato: depoimento de Mentor complica André Vargas e coloca sócio de ex-petista na alça de mira

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Há no âmbito da Operação Lava-Jato muito mais pessoas mentindo do que imaginam os brasileiros que desejam passar o País a limpo. O último “camarada” a ser alcançado pela onda de mitomania é o petista José Mentor, deputado federal pelo PT, que ao Supremo Tribunal Federal afirmou ter recebido do doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Lava-Jato, R$ 38 mil, em dinheiro, referente ao pagamento de uma dívida contraída por André Vargas Ilário, ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados e que encontra-se preso no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

Mentor pode ter se complicado com o tal depoimento, pois Youssef disse à força-tarefa encarregada do caso que o parlamentar petista recebeu, em dinheiro, R$ 380 mil. A situação torna-se ainda pior para os investigados porque mais uma vez a empresa utilizada por André Vargas, a IT7 Sistemas, já mencionada várias vezes pelo UCHO.INFO, aproximou-se ainda mais do olho do furacão.

De acordo com o doleiro-delator, o dinheiro entregue a Mentor foi obtido através da Arbor – empresa da contadora Meire Pozza–, a partir de notas fiscais emitidas pela IT7, “indicada” por Leon Vargas, irmão de André. Como se não bastasse, Youssef também revelou que Leon lhe pediu R$ 2 milhões, sendo que parte do dinheiro foi entregue a José Mentor, em São Paulo.

É nesse exato ponto que o caso cresce em termos de confusões, uma vez que a IT7 foi utilizada em contratos fraudulentos na Caixa Econômica Federal e no Ministério da Saúde. Essas operações nada republicanas envolveram uma das maiores empresas de informática do planeta, o que pode levar a Lava-Jato mais uma vez para além das fronteiras verde-louras. O dono oficial da IT7, Marcelo Simões, durante muito tempo desempenhou o papel de estafeta de luxo de Vargas, cumprindo ordens nem sempre aceitáveis.


O esquema foi tão rentável, que, segundo apurou o UCHO.INFO, rendeu ao ex-deputado a bagatela de R$ 1 milhão mensais, dinheiro em qualquer parte do globo. À sombra dessa sociedade canhestra atuava, em parceria com a dupla, um empresário que atende pelo nome de Alceu e que flana no mundo dos negócios na capital dos brasileiros.

Esse comparsa de André Vargas [Alceu] comprou um nababesco apartamento de cobertura em Brasília, na região Noroeste da cidade, com dinheiro proveniente das negociatas. O imóvel já foi vendido pelo empresário espertalhão, até porque o mesmo teme ser preso e perder o gordo patrimônio que acumulou ao longo dos anos de parceria com o ex-petista.

Para quem não se recorda, José Mentor foi relator da CPI do Banestado, quando produziu um relatório pífio que serviu para nada, a não ser para consumir milhares de folhas de papel do Congresso Nacional. Coincidência ou não, Alberto Youssef, que também atuou largamente como um dos principais doleiros do escândalo do Banestado, à época fez acordo de delação premiada com o juiz federal Sérgio Fernando Moro, responsável na primeira instância da Justiça pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato.

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