Lava-Jato: empreiteira confirma pagamento a agência alvo da “Acrônimo” e contratada por Dilma

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A força-tarefa da Operação Lava-Jato está de posse, desde dezembro passado, de documentos relativos à quebra de sigilo bancário da agência de comunicação Pepper, responsável pela ação beligerante da campanha de Dilma Rousseff na internet, mais precisamente nas redes sociais.

Nas contas que mantém no Banco do Brasil e no Santander, a agência recebeu R$ 7,7 milhões de empreiteiras investigadas na Lava-Jato. Somente da Andrade Gutierrez, segunda maior empreiteira do País, a Pepper recebeu, em 2010, R$ 6,28 milhões, em dezessete transferências. A OAS fez três depósitos em favor da agência, totalizando R$ 717 mil. A Egesa pagou R$ 563 mil, enquanto a Queiroz Galvão, R$ 159 mil.

Em depoimento amparado por acordo de delação premiada, onze executivos da Andrade Gutierrez admitiram o pagamento de despesas da primeira campanha de Dilma Rousseff (2010), quando a petista concorreu à Presidência da República sob os motes “Mãe do PAC”, “gerentona” e “garantia de continuidade”, todos criados pelo lobista-palestrante Lula.

Para mascarar a contabilidade da empreiteira, a Andrade Gutierrez, segundo os delatores, valeu-se de um contrato fictício com a Pepper, cujo valor, à época, superava os R$ 5 milhões. De acordo com a lei vigente no País, esse tipo de manobra financeira caracteriza caixa 2, o que é considerado crime. No âmbito da Justiça Eleitoral não há o que fazer em relação a Dilma, uma vez que o primeiro governo da petista terminou em 31 de dezembro de 2014. Qualquer ação nesse sentido começaria natimorta por ausência de objeto. Contudo, a Justiça permite a abertura de processos criminais.


Considerando que Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, afirmou em depoimento que a campanha de Dilma de 2014 gastou R$ 90 milhões em marketing político e que na ocasião não havia onde despejar mais dinheiro, causa estranheza o fato de a Pepper ter recebido quatro anos antes, apenas da Andrade Gutierrez, mais de R$ 5 milhões para cuidar dos atropelos petistas nas redes sociais. A campanha de Dilma declarou gastos de R$ 6,4 milhões com a Pepper. Há uma clara discrepância de valores, o que reforça a desconfiança da força-tarefa da Lava-Jato em relação à agência, que pode ter sido usada para pulverizar propina para outros “companheiros”.

É importante relembrar que a Pepper já foi alvo da Operação Acrônimo, também da Polícia Federal, que investiga ilícitos supostamente cometidos pelo petista Fernando Pimentel, atual governador de Minas Gerais e “companheiro de armas” da presidente da República.

O ponto vulnerável que surge desses depoimentos de colaboração premiada é que a Polícia Federal suspeita que a dona oculta da Pepper seja Carolina Oliveira, mulher do governador mineiro e acusada de envolvimento no esquema. Oficialmente de propriedade de Danielle Fonteles, a Pepper é suspeita de ter sido usada para intermediar dinheiro do BNDES que acabou nas mãos de Pimentel.

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