Crianças e adolescentes que precisam usar cadeira de rodas estão faltando às aulas há mais de duas semanas por falta de vagas no Transporte Escolar Gratuito (TEG), da prefeitura de São Paulo, comandada pelo petista Fernando Haddad.
De acordo com as mães, condutores reduziram o número de assentos para crianças com deficiência desde o início de 2016, visto que cada cadeira de rodas ocupa cinco lugares nas vans.
Segundo Jorge Formiga Salgado, diretor da Associação Regional de Transporte Escolar de São Paulo (Artesul), o repasse da prefeitura diminuiu desde o dia 11 de fevereiro, quando entrou em vigor novo edital.
Conforme os condutores, a mudança passou a permitir apenas o transporte de dois alunos por turno, ou seja, dois de manhã e dois de tarde. Antes, ao menos cinco crianças com deficiência viajavam por perua por turno, afirma Formiga. “Calculo que umas 300 crianças estejam sem transporte”, declarou.
Sem opção, as mães têm deixado os filhos em casa. “Meu filho usa cadeira de rodas e temos que pegar dois ônibus até a escola”, reveleou a dona de casa Sheyla Falcothio Hernandes, 36 anos, mãe de Elton, 14 anos, que sofreu um acidente de carro quando era bebê e tem falhas na coordenação motora.
A dona de casa Sandra de Lima Uno, 47 anos, pediu um carro emprestado a parentes para levar o filho de sete anos, que tem microcefalia, ao CEU Vila Rubi, na Cidade Dutra (zona sul), onde faz acompanhamento pedagógico. “A cada dia que ele falta demora mais para ele se readaptar depois das férias.”
A cuidadora Joelma Araújo da Silva, 27 anos, foi à escola, no Grajaú (zona sul), onde seu filho Natan, de seis anos, estuda, e ouviu da direção da unidade que não havia previsão de quando voltaria a ser atendido.
A mãe diz que não sabe qual o diagnóstico do filho, mas ele não anda nem fala. “As crianças especiais deveriam ter prioridade”, diz Joelma.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que espera que a situação seja normalizada em até 15 dias e convocou os pais que estão com dificuldades em ser atendidos pelo serviço de transporte escolar a procurar a direção das escolas, “que estão orientadas sobre como proceder na adaptação do processo”.
A administração do petista Fernando Haddad afirmou ainda que não recuará da nova forma de organizar o TEG (Transporte Escolar Gratuito) na cidade, vigente desde o dia 11 de fevereiro após publicação de edital. A prefeitura também ressaltou que a mudança no sistema tem o aval do TCM (Tribunal de Contas do Município). “A prefeitura não vai recuar e não vai fazer contrato de emergência”, informou também em nota.
