Lava-Jato: em delação premiada, Delcídio acusou Dilma de interferir na operação da PF

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Quando reforçou a sua defesa com a contratação do advogado Figueiredo Basto, o senador Delcídio Amaral (sem partido – MS), investigado na Operação Lava-Jato, o fez com a clara intenção de negociar um acordo de delação premiada, como antecipou o UCHO.INFO.

Pressionado pela família desde a sua prisão, em 25 de novembro, a revelar detalhes do maior escândalo de cocorrupção da História, Delcídio, que passou quase três meses preso, sempre negou a possibilidade de colaboração premiada, mas essa estratégia serviu para desviar a atenção do governo e dos envolvidos no esquema criminoso.

Ex-diretor da Petrobras e ex-lider do governo no Senado, Delcídio sabe muito mais acerca dos bastidores do Petrolão do que muitos palacianos gostariam. Por isso o senador sul-mato-grossense sempre foi tratado com muito cuidado pelo Palácio do Planalto, mesmo após sua prisão pela Polícia Federal.

Nesta quinta-feira (3) surge a informação, através da revista IstoÉ, de que o senador não apenas selou acordo de delação premiada, mas revelou às autoridades, em depoimento de 400 páginas, detalhes estarrecedores sobre a compra da superfaturada e obsoleta compra da refinaria de Pasadena, no Texas. Esse depoimento pode ter acelerado a saída do petista José Eduardo Martins Cardozo d comando do Ministério da Justiça.

Fora isso, Delcídio acusou a presidente Dilma Rousseff de atuar três vezes para interferir na Lava-Jato por meio do Judiciário. “É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de promover a soltura de réus presos na operação”, afirmou Delcídio na delação.


Uma das incursões de Dilma passava pela materializou-se com a nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Tal nomeação seria relevante para o governo”, pois o indicado cuidaria dos “habeas corpus e recursos da Lava Jato no STJ”.

Delcídio revelou à força-tarefa da operação que a estratégia foi discutida com Dilma no Palácio da Alvorada e que sua tarefa era conversar “com o desembargador Marcelo Navarro, a fim de que ele confirmasse o compromisso de soltura de Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo”, da Andrade Gutierrez.

O senador reuniu-se com Navarro no próprio Palácio do Planalto, no andar térreo, em uma pequena sala de espera. Fato que poderia ser comprovado pelas câmeras de segurança. Navarro, por sua vez, cumpriu a orientação no STJ, mas acabou vencido pelos colegas.

É importante lembrar que Delcídio Amaral não apenas foi dirigente da Petrobras, à época do governo FHC, mas posteriormente atuou nos bastidores da estatal em dupla com o finado deputado José Janene (PP-MA), mentor intelectual do esquema de corrupção que ao longo de uma década derreteu os cofres da empresa, sempre com a anuência do governo.

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