Defesa de Delcídio nega delação porque admitir seria romper acordo com o MP e viabilizar nova prisão

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Se o conteúdo da delação premiada de Delcídio Amaral, divulgado nesta quinta-feira (3) pela revista IstoÉ, é verdadeiro não se sabe, mas ao menos é certo que a vida do senador sul-mato-grossense deve ficar agitada a partir de agora. A defesa do parlamentar, em nova divulgada nesta tarde, afirma que não reconhece os trechos divulgados pela revista e muito menos a autenticidade dos documentos que supostamente embasaram a matéria, mas esse posicionamento está dentro da obviedade, pois uma das premissas de um acordo de colaboração premiada é a confidencialidade, sob pena de se colocar tudo a perder.

Delcídio, que foi abandonado pelo PT e arremessado na arena do Coliseu da opinião pública nacional, conhece bem o modus operandi do partido e sabe que a segurança de sua família está ameaçada desde o dia em que foi preso pela Polícia Federal, sob a acusação de tentar atrapalhar o andamento das investigações da Operação Lava-Jato.

Independentemente da autenticidade da delação ser confirmada, parte do que foi publicado na mais recente edição da revista semanal é verdadeira. Lula, enquanto presidente da República, sempre soube do esquema de corrupção instalado na Petrobras para substituir o Mensalão do PT e garantir apoio ao governo no Congresso Nacional.

O mentor intelectual do esquema foi o finado deputado José Janene (PP-PR), conhecido como o “Xeique do Mensalão”, que dispensava a Lula um tratamento digno de casa de alterne. Certa feita, na antessala da liderança do PP na Câmara dos Deputados, Janene, irritado com o ex-metalúrgico, disse, de forma clara e para quem quisesse ouvir, “avisa para aquele filho da puta”, em clara referência a Lula, que não atendia às suas demandas nos subterrâneos do Petrolão.


A estratégia que restou ao Palácio do Planalto e ao PT, diante do conteúdo da notícia sobre a delação de Delcídio Amaral, foi desqualificar o eventual depoimento, trazendo à cena fatos menores, como a suposta mágoa do senador em relação ao partido, que suspendeu-o temporariamente, status que deve migrar para a expulsão. Não se pode ignorar o fato de que tão logo a PF prendeu Delcídio, o ex-presidente Lula, agora um bem sucedido lobista-palestrante, classificou a atitude do senador como “coisa de imbecil”, não sem antes dizer “que loucura, que idiota!”.

Abandonado pelo partido e pelo governo desde os primeiros minutos após a prisão, Delcídio foi pressionado pela família, em especial pela esposa (Maika), a revelar a podridão que grassa nas entranhas do poder e se livrar o quanto antes da cadeia. O senador sabe que dificilmente escapará de uma condenação, mas a contratação de um advogado conhecido na Lava-Jato por negociar o acordo de delação do doleiro Alberto Youssef não faria sentindo, não fosse o caso de o parlamentar seguir o mesmo caminho.

Logo após ser contratado por Delcídio, o criminalista Figueiredo Basto, que defende Delcídio e Youssef, disse que estava descartada a hipótese de delação por parte do seu cliente, mas o UCHO.INFO sempre insistiu que esse discurso servia para manter o governo tranquilo e garantir a segurança da família do senador.

Independentemente do desfecho no âmbito da noticiada delação de Delcídio Amaral, boa parte do conteúdo revelado pela revista semanal é verdadeiro. É importante ressaltar que por ocasião da CPMI dos Correios, criada a partir do primeiro grande escândalo de corrupção da era Lula, o senador, em combinação com José Janene, ofereceu um cargo na refinaria de Pasadena como moeda de troca para conseguir o silêncio de um assessor parlamentar que sabia muito – e ainda sabe – sobre as atividades nada republicanas do mentor intelectual do Petrolão.

A oferta foi recusada de chofre, pois o outrora alvo de Janene é pessoa de conduta ilibada e já havia revelado todo o esquema criminoso ao editor do UCHO.INFO. Tanto é assim, que a partir daquele momento José Janene passou a ameaçar o editor do site, ao mesmo tempo em que Delcídio lhe dedicou seguidos elogios.

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