Nesta sexta-feira (4), que para o Partido dos Trabalhadores teve ingredientes de sobra para ser 13, foi difícil definir o pior discurso. O de Lula, que após condução coercitiva na Operação Aletheia (24ª fase da Operação Lava-Jato) agarrou-se a um dramalhão de fazer inveja a novelista mexicano, ou o de Dilma Rousseff, que se fez rodear de ministros no Palácio do Planalto para falar muito e nada dizer.
Vencido o inócuo e bufão discurso de Lula, que, como antecipou o UCHO.INFO, aproveitaria o evento da Polícia Federal para se transformar em vítima, Dilma mostrou-se inconformada com a delação do senador Delcídio Amaral e indignada com a nova fase da Lava-Jato. Ao contrário do que alegam os petistas exaltados, tudo foi feito dentro da lei, mas a chefe da nação preferiu pensar em termos partidários e externar indignação, quando seu papel deveria ser defender o Estado Democrático, o fim da corrupção e a punição dos envolvidos no maior esquema de corrupção da História, o malfadado Petrolão.
“Quero manifestar o meu mais absoluto inconformismo com o fato de o ex-presidente Lula, que por várias vezes compareceu de forma voluntária para prestar esclarecimentos perante as autoridades, seja agora submetido a uma desnecessária condução coercitiva para prestar mais um depoimento”, disse Dilma.
Apesar do drama encenado por Lula na tarde desta sexta-feira, o ex-presidente sabe os motivos que levaram a força-tarefa da Lava-Jato a agir dessa forma. Assim como sabe que a PF chegou ao seu encalço, sem direito a retorno. Isso significa que o ex-metalúrgico pode ser processado no âmbito da Lava-Jato, inclusive com a possibilidade real de ser preso. Aliás, sua prisão já deveria ter acontecido, pois sobram nas investigações motivos para tal.
O discurso de Dilma foi igualmente pífio, pois a presidente, assim como o antecessor, sabe que sua situação piorou muito com a delação de Delcídio, que é absolutamente verdadeira, e com as investigações que culminaram na ação contra Lula e seus apaniguados de primeira hora.
Em relação à delação que chacoalhou o dia anterior (quinta-feira), Dilma tentou se explicar, mas, sem convencer, tratou de desqualificar o depoimento de Delcídio Amaral, parlamentar que ela própria, meses antes, deu um enorme voto de confiança para desempenhar o papel de líder do governo no Senado da República.
“Do ponto de vista institucional, não teria nenhuma razão a pedir com um senador para conversar com um juiz. Não é o senador que participa dos processos de nomeação dos ministros do STJ e nem do Supremo. Nomeei 16 ministros do STJ e 5 do Supremo. É absolutamente subjetiva e insidiosa a fala do senador, se ela foi feita”, declarou Dilma.
Quem conhece os meandros do poder, assim como seus subterrâneos, sabe como se dá a sequência de fatos quando um governo incompetente e corrupto como o do PT encontra-se em dificuldades. Não é preciso ser dotado de doses extras de inteligência para perceber que um governante acuado chega ao absurdo de negar o inegável. E foi o que fez Dilma ao falar da compra da superfaturada e obsoleta refinaria de Pasadena (Texas), também conhecida no submundo petrolífero nacional como “Ruivinha”.
Ao contrário de Lula, que mesmo movido á malandragem tem um pensamento concatenado e fala de improviso, Dilma é um fiasco quando o assunto é discursar se a ajuda de um ponto eletrônico ou de um teleprompter. Ou seja, a presidente carece de eficácia mental, o que mostra que melhor seria se ela tivesse ficado calada ou, então, arrumado as gavetas e dito adeus. Enfim, como profetizou certa feita um conhecido e sempre ébrio comunista de boteco, “nunca antes na história deste país”.