Propriedade de triplex e sitio é quase nada perto das reformas feitas por empreiteiras da Lava-Jato

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A bordo de discurso que é um monumento à fraude, Luiz Inácio da Silva, em entrevista concedida na sede do PT, em São Paulo, nesta sexta-feira (4), desafiou mais uma vez a Polícia Federal, a Justiça e o Ministério Público Federal, ao perguntar quem, ao final das investigações da Operação Lava-Jato, lhe presenteará com um apartamento triplex no Guarujá ou um sítio em Atibaia.

Lula falou em tom de deboche, sem responder às questões que continuam no ar, pois sabe que não foi por acaso que, em nota, a força-tarefa da Lava-Jato afirmou que o ex-presidente foi um “dos principais beneficiários dos delitos” praticados durante uma década na Petrobras e que as investigações revelaram evidências de que o petista “enriqueceu” às custas do esquema criminoso de desvio de dinheiro da estatal.

Em sua fala, que serviu apenas à militância petista e aos eleitores desavisados, Lula não convenceu, mas recorreu ao populismo barato que faz parte da sua verve discursiva. O PT está a um passo de ser varrido do cenário político nacional, com o direito de carregar Lula na bagagem, mas o ex-metalúrgico é conhecido por sua capacidade de ressurgir das cinzas. E isso não pode ser descartado, por maior que seja o desejo de boa parte do País de ver o fim da corrupção e a derrocada da legenda que já foi comparada a uma organização criminosa.

Lula afirmou que não há qualquer ilegalidade em frequentar o sítio comprado por um amigo para que ele [ex-presidente] use com frequência na companhia da família, mas a questão maior nesse episódio não está em identificar o verdadeiro proprietário do imóvel.


O ponto de vulnerabilidade desse imbróglio, é bom salientar, está no fato de empreiteiras investigadas na Lava-Jato e o pecuarista José Carlos Bumlai, preso em Curitiba, terem reformado o sítio para alguém fora das relações dos mesmos. As empreiteiras, assim como Bumlai, ainda têm muito a explicar às autoridades que investigam o maior esquema de corrupção da História, por isso é preciso ter calma e foco nesse momento, sob pena de o ex-metalúrgico ressurgir no cenário político revigorado.

Por maior que seja a benemerência das empreiteiras OAS e Norberto Odebrecht, assim como a de José Carlos Bumlai, causa estranheza uma propriedade de terceiros ser reformada por investigados em uma operação policial, para que a mesma pudesse ser utilizada pelo ex-presidente e sua família. Não há até o momento qualquer documento que comprove a propriedade por parte de Lula do sítio e do triplex, o que exige que os investigadores e a Justiça foquem no detalhe mencionado nesta matéria, sem esquecer o eixo da investigação.

Liquidado politicamente, o ex-presidente exibiu destreza ao falar para alguns correligionários e muitos jornalistas que foram à sede do PT, uma vez que é unânime entre os “companheiros” a necessidade de uma manobra radical para tentar salvar o partido, que afunda na lama da corrupção.

Há no radar de Lula – assim como no de Dilma Rousseff – muitos outros assuntos que merecem ser investigados e que podem levá-lo à prisão, mas muito estranhamente nada foi feito até agora para elucidar o envolvimento do petista no caso do empréstimo contraído por José Carlos Bumlai junto ao Banco Schahin, por exemplo, sendo que o dinheiro foi repassado ao PT, conforme depoimento dos investigados.

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