Operação Aletheia: procurador fala em “organização criminosa infiltrada dentro do governo federal”

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A situação de Luiz Inácio da Silva não é das melhores e compromete o governo petista de Dilma Rousseff, que até agora tenta passar a imagem de tranquilidade diante da Operação Aletheia, 24ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada nesta sexta-feira (23).

Integrante da força-tarefa da Lava-Jato, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima disse, em entrevista coletiva concedida em Curitiba, que a operação tem como alvo uma “organização criminosa infiltrada dentro do governo federal que se utilizava da Petrobrás e de outras empresas para o financiamento político e também para apropriação pessoal”.

Sem citar o nome de Lula, mas deixando claro que o ex-presidente estava por trás do esquema de corrupção, o procurador da República afirmou que a organização “certamente possui um comando”.

“Trata-se apenas de mais uma etapa da Operação Lava-Jato, etapa necessária diante das provas colhidas durante as investigações”, declarou Carlos Lima.

“Neste caso estamos falando de uma organização criminosa infiltrada dentro do governo federal”, disse o procurador. “Foi verificado e nós já fizemos a acusação que o ex-ministro José Dirceu (preso na Lava Jato desde agosto de 2015) fazia parte desse comando com o ex-tesoureiro Vaccari (João Vaccari Neto, também preso), entre outros. Mesmo após a prisão do ex-ministro, no caso Mensalão, a organização criminosa continua existindo. Fazemos uma investigação da continuidade dessa cadeia de comando.”


O procurador mostrou firmeza e tranquilidade ao afirmar: “Hoje, nós estamos analisando evidências de que o ex-presidente e sua família receberam vantagens para, eventualmente, a consecução de atos dentro do governo. Isso ainda é uma hipótese investigativa. Existem evidências de pagamentos de vantagens. Não há nenhuma motivação plausível para esses pagamentos de vantagens.”

Santos Lima explicou o emaranhado criminoso identificado nas investigações e que compromete Lula. “Nós temos os favores feitos pelas empreiteiras OAS e Odebrecht e um sítio (em Atibaia) que nós estamos investigando a propriedade, mas acreditamos até o momento ser do sr. Luiz Inácio. E também temos bem claro que houve pagamentos de benfeitorias no tríplex, no Guarujá. Outros dados, inclusive, beneficiando familiares também estão sob investigação.”

Conduzido coercitivamente, de São Bernardo do Campo para o Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul da capital paulista, Lula depôs, desde as 8 horas até perto do meio-dia, a um grupo formado por delegados da PF e procuradores da República.

Considerando que os investigadores afirmam que uma organização criminosa foi instalada no governo, a presidente Dilma Rousseff não tem como escapar dessa acusação grave, apesar de a petista, nas últimas horas, ter abandonado a defesa de Lula, algo que vinha fazendo de maneira irresponsável e desesperada.

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