Com a cúpula do quadro partidário envolvida em escândalos de corrupção, o PT enfrenta problemas para indicar “companheiros” para determinados cargos. De tal modo, ao apoiar a indicação de enrolados para postos de relevância, o PT acaba provando que o crime compensa.
Senadora pelo PT do Paraná, investigada por corrupção em pelo menos dois inquéritos da Operação Lava-Jato, em que foi denunciada por dois dos principais delatores por recebimento de propina do Petrolão, principal investigada da Operação Pixuleco II (18ª fase da Lava-Jato), Gleisi Helena Hoffmann foi eleita para presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE).
A CAE é a segunda comissão mais importante do Senado, portanto a presidência do colegiado jamais deveria abrigar estar um investigado por corrupção. Afinal, se as gravíssimas suspeitas que rondam Gleisi forem fundamentadas e confirmadas – e parece que são – o novo cargo permitirá que a petista sinta-se tentada a ultrapassar os limites da legalidade. Isso porque a CAE é responsável por decidir assuntos importantes e que envolvem vultosas quantias em dinheiro, mesmo que na ponta final.
No comando da comissão, Gleisi também terá oportunidade de patrocinar perseguições políticas a adversários, como as que comandou entre 2011 e 2014, quando, com o apoio do mestre das pedaladas e ex-secretário do Tesouro, Arno Augustin, bloqueou por anos a fio empréstimos ao Paraná. Em especial o Proinveste, no valor de R$ 817 milhões.
O empréstimo, liberado sem quaisquer entraves a todos os estados da federação, só chegou ao Paraná depois que o governo estadual obteve sua liberação no Supremo Tribunal Federal. Diante do não comprimento da determinação judicial, o governo paranaense ingressou no STF com pedido de prisão de Arno Augustin e do então ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Dona de soberba insuportável e sempre tentando destilar doses de genialidade, Gleisi foi acusada de ter recebido, em 2010, propina de R$ 1 milhão do Petrolão, o maior esquema de corrupção da História.
A grave acusação, que emparedou a senadora petista, partiu dos delatores Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. As denúncias vieram acompanhadas de detalhes, incluindo o local da entrega do dinheiro para Gleisi e número de parcelas da propina.
Gleisi, juntamente com o marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações), também é a principal investigada na Operação Pixuleco II, que desvendou esquema fraudulento montado no Ministério do Planejamento durante o período em que a pasta era comandada por Bernardo.
O esquema, que funcionava a partir de desvio de dinheiro a partir de empréstimos consignados, teria rendido mais de R$ 50 milhões, sendo que aproximadamente R$ 8 milhões teriam virado “pixulecos” na conta do casal. Segundo os investigadores da Lava-Jato, a dupla petista recebeu o dinheiro através de uma triangulação com um advogado de Curitiba, filiado ao PT.