MP de São Paulo pede a prisão preventiva de Lula, acusado de lavagem de dinheiro

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O Ministério Público de São Paulo pediu a prisão preventiva do ex-presidente Lula no processo que investiga supostos crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica no caso do apartamento triplex em Guarujá, litoral paulista.

Esse pedido explica a forma repentina e conturbada como Lula deixou Brasília na quinta-feira, onde reuniu-se com senadores da base aliada para tentar evitar o impeachment de Dilma Rousseff e a implosão do PT.

Na denúncia oferecida à Justiça paulista, os promotores Cássio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Araújo destacaram ser “imprescindível o decreto da prisão preventiva, em razão da conveniência da instrução criminal”, alegando que o ex-presidente poderá “movimentar sua ‘rede’ violenta de apoio, para evitar que o processo crime que se inicia tenha seu curso natural”.

Além do lobista-palestrante Lula, são alvo de pedidos de prisão de José Adelmário Pinheiro, conhecido como Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS e condenado na Operação Lava-Jato; João Vaccari Neto, ex -presidente da Bancoop e ex-tesoureiro do PT (também preso na Lava-Jato), e outras quaro pessoas investigadas no escândalo da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop).

Na acusação foi protocolada na quarta-feira (9) no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da cidade de São Paulo, os promotores afirmam que Lula tentou ocultar a propriedade do apartamento praiano, que oficialmente está registrado em nome da empreiteira OAS, que assumiu as obras do condomínio depois da quebra da Bancoop. Lula continua negando ser dono do imóvel.


No documento, os promotores citam, em dado trecho, a “probabilidade evidente de ameaças a vítimas e testemunhas e prejuízo na produção das demais provas do caso”. Alegam ser “amplamente provadas manobras violentas” de Lula e de seus seguidores, “com defesa pública e apoio até mesmo da presidente da República, medidas que somente tem por objetivo blindar o denunciado”.

Os representantes do MP, durante entrevista concedida nesta quinta-feira, em São Paulo, negaram motivação política para embasar o oferecimento da denúncia contra Lula e outras dezesesi pessoas. Lula, assim como a ex-primeira-dama Marisa Letícia, foram denunciado por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Em caso de condenação, as penas previstas para ambos os crimes, se somadas, são de 4 a 13 anos de prisão.

O promotor José Carlos Blat, que participa da investigação desde o início, afirmou que outros integrantes do PT serão investigados por suspeita de terem sido “agraciados” com unidades habitacionais da Bancoop.

“O MP não trabalha com calendário político. É pautado em prazos judiciais, pouco importando se esse procedimento tenha qualquer tipo de repercussão política ou social” afirmou o promotor José Carlos Blat, durante a coletiva.

Os promotores também rebateram a acusação de que a investigação do triplex do Edifício Solaris, em Guarujá, é de exclusividade da Justiça Federal de Curitiba, ao mesmo tempo em que afirmaram que provas foram compartilhadas entre as duas forças-tarefas.

“Enquanto o apartamento diz respeito (ao MP estadual), o que tem dentro do apartamento e o sítio de Atibaia pertencem ao MPF e a bem-sucedida Operação Lava-Jato”, afirmou o promotor Cássio Conserino, especialista em combate ao crime organizado.