PMDB ensaia debandada e pode liberar parlamentares no caso do impeachment de Dilma Rousseff

(Pedro Ladeira - Folhapress)
(Pedro Ladeira – Folhapress)

Enfrentando uma crise múltipla (institucional, política, econômica e de credibilidade) e inédita, a presidente Dilma Rousseff parece que conseguiu, pelo menos por enquanto, um momento de alívio, mas que não pode ser considerado como sinal de trégua.

Disposto a desembarcar do governo, o PMDB decidiu por solução mais branda em relação ao governo da petista. Os peemedebistas estariam liberados a votar contra o governo em qualquer matéria levada ao Congresso Nacional, inclusive na questão do impeachment da presidente da República. Essa proposta será avaliada na convenção nacional do partido, que acontece no final de semana em Brasília.

Presidente do Senado Federal, o alagoano Renan Calheiros, que continua defendendo o decadente governo de Dilma Rousseff, disse a peemedebistas rebelados estar preocupado com a grave situação enfrentada pelo Pais, mas ponderou que o momento não é adequado para ruptura.

Renan adota esse discurso supostamente conciliatório porque tem esperança de minimizar o seu calvário no âmbito da Operação Lava-Jato, algo que dificilmente ocorrerá, dada a postura do Judiciário diante do escândalo. Ademais, a situação do presidente do Senado piorou sobremaneira nos últimos dias por causa da delação premiada de Delcídio Amaral. Fora isso, o senador pretende manter os cargos que tem na inchada máquina federal.


Integrante do grupo que defende o rompimento imediato com o governo, o deputado federal Darcísio Perondi (PMDB-RS) está consciente de que no momento o desembarque do governo é difícil, mas reconhece que uma posição de independência do partido pode ser o preâmbulo para uma ruptura.

“Radicalizamos, mas temos consciência de que é difícil chegar (à aprovação do desembarque). Vamos trabalhar por uma nota de independência. Entendo isso como um passo para o desembarque”, afirma Perondi.

Outro dissidente barulhento é o deputado federal Lúcio Vieira Lima (BA) – irmão de Geddel Vieira Lima – que defende o rompimento imediato em relação ao governo petista, começando pela entrega de cargos – o PMDB comanda seis ministérios, devendo receber de presente, em breve, a Secretaria de Aviação Civil, a ser possivelmente ocupada por Mauro Lopes. No Senado, Valdir Raupp defende a imediata entrega dos cargos, o que piora a crítica situação do governo.

Com o objetivo de salvar o pífio governo da “companheira” Dilma e também de preservar sua destroçada trajetória política, Lula reuniu-se com Renan Calheiros durante café da manhã na residência oficial da presidência do Sendo, ocasião em que os convivas, muitos investigados na Lava-Jato, protagonizaram o que pode se chamar de “abraço dos afogados”.

Se o encontro de Lula e Renan produzirá algum resultado prático não se sabe, mas é certo que o encontro tornou-se um combustível extra na crescente indignação da sociedade com os políticos. Em outras palavras, começa a ruir o fétido castelo de Lula e seus quejandos.

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