Se ao tucano Geraldo Alckmin falta coragem e musculatura política para afastar o chefe da Casa Civil do governo paulista, ao também peessedebista Marconi Perillo, governador de Goiás, sobra irresponsabilidade para manter no comando do policiamento de Goiânia um acusado de integrar grupo de extermínio.
Político de fala fácil e aparentemente moralista, Perillo é figura menor no ninho tucano, apesar de ser governador de Estado. Como se no Brasil inexistissem leis e as instituições fossem desprovidas de autoridades competentes, Marconi Perillo decidiu manter a nomeação do tenente-coronel Ricardo Rocha, 42, para o comando do policiamento de Goiânia. O Ministério Público Federal e Ministério Público de Goiás recomendaram a não nomeação de Rocha, acusado de integrar um grupo de extermínio formado por policiais militares. O tenente-coronel é alvo de investigação em pelo menos quinze casos de assassinato.
Um dos crimes atribuídos ao comandante do policiamento da capital dos goianos será levado a júri popular no dia 23 de junho, ou seja, dez anos após a acusação. Ricardo Rocha também é investigado pela Força Nacional de Segurança, ligada ao Ministério da Justiça, e também pelas polícias Civil e Federal.
Em documento encaminhado ao governo de Marconi Perillo, promotores e procuradores alegaram que a nomeação de Rocha é um claro “incentivo para excessos e violência policial”. No contraponto, o governo goiano rebate afirmando que não há qualquer condenação contra o acusado.
Essa postura míope do governo de Goiás mostra que Perillo não apenas desconhece o provérbio sobre a honestidade da mulher de César – “À mulher de César não basta ser honesta, mas precisa parecer honesta” –, mas ignora os embasados alertas feitos pelas autoridades. Esse tipo de governante que fecha os olhos para a realidade apenas para contemplar interesses escusos, precisa ser banido da vida política nacional.
O militar escolhido por Perillo foi candidato a deputado estadual em 2010, ocasião que adotou como lema de campanha o slogan “tolerância zero contra o crime”. É preciso ressaltar que há uma enorme diferença entre combater o crime dentro do que prevê a legislação vigente e integrar grupos de extermínio.
Rocha foi derrotado nas urnas, quatro meses antes de ser preso, juntamente com outros dezoito policiais militares, na Operação Sexto Mandamento, da Polícia Federal. Acusado de integrar grupo de extermínio em Goiás, Ricardo Rocha ficou preso durante nove meses.
Há, atualmente, cinco ações penais e cinco inquéritos em andamento para investigar Rocha. Na maioria dos casos o militar é acusado de matar alguém desarmado ou sem condições de reação.
Não é difícil imaginar qual seria a reação dos tucanos no Congresso Nacional se essa bizarrice de Perillo fosse protagonizada por algum governador petista, por exemplo. O grande entrave para o avanço do Brasil como nação é a maneira populista e tacanha como se faz política em todos os cantos do país.
No caso dos tucanos, o que vale em Brasília aos adversários não vale nos estados da federação. Por essas e por outras que o PSDB é um fiasco em termos políticos, seja na situação ou na oposição.