Lula recusa convite de Dilma para assumir cargo de ministro para evitar “abraço dos afogados”

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Luiz Inácio da Silva, o Lula, que há anos incorporou o lobista-palestrante, recusou convite para assumir um dos muitos ministérios do governo da sucessora, Dilma Vana Rousseff, a “criatura”. A ideia inicial da cúpula do governo era emplacar Lula em algum ministério e blindá-lo diante das muitas possibilidades de prisão que gravitam na órbita do ex-metalúrgico. Depois de muitas especulações ao longo da semana sobre qual pasta garantiria a Lula o tão sonhado “foro privilegiado”, o Palácio do Planalto decidiu que o lugar ideal seria a Casa Civil da Presidência.

Independentemente da pasta, poderia ser a mais chinfrim, Lula seria o novo chefe do governo, reduzindo sua pupila a pó. Algo que na altura dos acontecimentos não exige muito esforço. Na reunião que teve com Dilma, no Palácio da Alvorada, na última terça-feira (8), Lula foi pressionado a aceitar a ideia, mas apenas prometeu pensar no assunto. Os efeitos colaterais da condução coercitiva do petista e a delação premiada de Delcídio Amaral ainda provocavam estragos, quando o Ministério Público de São Paulo decidiu denunciar o ex-presidente por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica no caso do triplex praiano.

Foi o bastante para que aumentasse a pressão sobre Dilma Rousseff, que foi mais que aconselhada por assessores a ficar Lula em algum lugar da Esplanada dos Ministérios. Lula resistia à ideia, até que informou o “companheiro” Jaques Wagner (Casa Civil) sobre não aceitar a oferta. E Wagner se incumbiu de informar a presidente acerca da decisão do “criador”.

Apesar dos discursos inflamados e populistas, Lula tem competência para tirar proveito da situação, como vem acontecendo. Ele tem apostado no caos como plataforma para ressurgir das cinzas, no melhor estilo fênix, não jararaca. A grande questão é saber se na atual conjuntura essa manobra surtirá efeito.


O primeiro motivo que levou Lula a recusar a oferta é óbvio. Caso aceitasse, estaria confessando antecipadamente culpa por envolvimento no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da História. O segundo ponto é de ordem familiar. Transformado em ministro, Lula estaria temporariamente a salvo, mas teria de conviver com a vulnerabilidade da família – a mulher Marisa Letícia e os filhos – diante dos desdobramentos da Operação Lava-Jato. Afinal, mesmo com o ex-presidente na condição de ministro de Estado, sua família continuaria respondendo ao juiz Sérgio Moro no âmbito da Lava-Jato. E Moro pode pedir a qualquer momento a prisão dos Lula da Silva, desde que existam motivos para tanto.

O segundo senão – sob a ótica de Lula – que emoldurou a oferta palaciana é que no caso de Dilma Rousseff afundar politicamente, o ex-presidente, se instalado em algum ministério, iria de roldão com a sua “criatura”. Considerando que Lula se movimenta ao extremo para tentar salvar o PT e sua agora combalida trajetória polícia, aceitar o convite de Dilma seria suicídio político.

O terceiro senão – sob a ótica de Dilma – que inviabiliza o plano é que a chegada de Lula a qualquer ministério, mesmo que fosse o mais desprezível, decretaria o fim da presidente da República, cuja vaidade e teimosia não permutem tal desfecho. Lula, se ministro, passaria a concentrar todos os poderes, transformando Dilma no que sempre foi perante a opinião pública: um fantoche de aluguel.

O quarto senão – sob a ótica de ambos – é que o governo está com os dias contados, pelo menos é o que aponta o cenário atual, e a chegada de Lula à Esplanada dos Ministérios seria um prefácio de uma cena típica de abraço dos afogados. Lula não precisa de Dilma para escapar das garras da lei, porque isso não acontecerá, a não ser que um milagre ocorre de agora em diante. Dilma não precisa de Lula para salvar o seu pífio governo, pois esse não tem salvação.

Traduzindo esse imbróglio para o idioma reinante nessa barafunda chamada Brasil, o convite não espontâneo de Dilma a Lula é como o cachorro correndo atrás do próprio rabo. O governo petista da “companheira de armas” Estela acabou, cabendo a alguém marcar a data do velório.

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