Finalmente o tucano Carlos Alberto Richa, conhecido no mundo político como Beto Richa, governador do Paraná, entrou no radar da Justiça. O ministro João Otávio de Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), autorizou a abertura de inquérito para apurar a suposta participação de Richa em esquema de cobrança de propina na Secretaria da Fazenda paranaense.
O caso está sob sigilo e a defesa do governador, a cargo do advogado Rodrigo Mudrovicht, já foi notificada da decisão. As denúncias devem ser apuradas em vinte dias, prazo após o qual a defesa espera que o caso seja arquivado.
Por meio de nota, Beto Richa negou ter sido beneficiado pelo esquema e afirmou que as doações da sua campanha foram legais e devidamente informadas à Justiça Eleitoral. “Não tenho nada a temer. Todas as doações recebidas pela minha campanha foram legais e declaradas à Justiça. Sou o maior interessado no esclarecimento completo dos fatos. Confio na Justiça”, destacou o governador na nota.
O esquema de corrupção na Secretaria da Fazenda do Paraná, que consistia em pagamento de propina para a redução ou anulação de dívidas tributárias de empresas com o Fisco, foi alvo da Operação Publicano, do Ministério Público estadual.
Apesar da nota divulgada pelo governador, sua situação não é tão fácil como espera seu advogado. De acordo com o delator do esquema, Luiz Antônio de Souza, fiscais da Secretaria da Fazenda cobraram, ao longo de dez anos, mais de R$ 50 milhões em propinas, sendo que desse total pelo menos R$ 2 milhões acabou na campanha do governador tucano.
A incompetência de Beto Richa como governador é largamente conhecida, inclusive além das fronteiras paranaenses, assim como sabe-se da conduta canhestra de alguns dos seus assessores, mas beira o inaceitável o fato de um estado da importância do Paraná ser refém de acusados de envolvimento em caso de corrupção.
Por ocasião do depoimento do delator, Richa rebateu a acusação do delator e disse se tratar de uma denúncia inverídica e criminosa. Mesmo assim, o governador não pode negar que sabe como se faz política no Brasil e principalmente uma campanha eleitoral. Política é negócio e como tal exige muito dinheiro. Isso é fato e não há como negar. Ademais, Beto Richa sempre soube o que acontecia nos bastidores de suas campanhas.
Em 19 de maio de 2015, uma pessoa muito próxima a Richa conversou com o editor do UCHO.INFO sobre o escândalo e disse textualmente: “não foi por falta de aviso”. Ou seja, o governador do Paraná foi alertado sobre o que acontecia nas coxias da campanha, mas preferiu fechar os olhos para as transgressões cometidas pelos bandidos da Secretaria da Fazenda e seus estafetas.
Na ocasião, o interlocutor deste portal de notícias, que conhece em detalhes os bastidores do Palácio Iguaçu, concordou de pronto que a situação de Beto Richa é extremamente delicada.