Poço de mágoas, Delcídio revela esquema de desvio de dinheiro para as campanhas de Dilma

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Dilma Rousseff, a presidente, que nesta sexta-feira (11) durante discurso conseguiu a epopeia de renunciar a si mesma, insiste em afirmar que nada há de ilegalidade cometida por ela que justifique o seu impeachment, mas não é o que mostra a delação do senador Delcídio Amaral (MS), que já foi líder do governo no Senado.

Abandonado pelo Palácio do Planalto após sua prisão no escopo da Operação Lava-Jato, Delcídio ouviu os incansáveis apelos da família, em especial da esposa, Maika do Amaral, e decidiu contra o que sabe sobre o maior escândalo de corrupção da História, o Petrolão.

Em depoimento de delação premiada, que depende de homologação do STF, Delcídio Amaral detalhou à força-tarefa da Lava-Jato o “sofisticado esquema de corrupção” nas obras da Usina de Belo Monte, no Pará, informa a revista IstoÉ em sua mais recente edição.

A publicação destaca que o senador sul-mato-grossense revelou a existência de um “triunvirato”, formado por dois ex-chefes da Casa Civil – Erenice Guerra e Antônio Palocci Filho – e o ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, que teria movimentado aproximadamente R$ 25 bilhões e desviado pelo menos R$ 45 milhões dos cofres públicos diretamente para os caixas das campanhas eleitorais do PT e do PMDB em 2010 e 2014, que nos dois pleitos lideravam a chapa encabeçada por Dilma Rousseff.

“A propina de Belo Monte serviu como contribuição decisiva para as campanhas eleitorais de 2010 e 1014”, teria declarado Delcídio aos procuradores. O esquema criminoso teria sido estabelecido a partir do leilão para a escolha do consorcio que assumiria as obras, em 2010, e continuou até o começo de 2015, quando a Lava-Jato avançava sobre os protagonistas do Petrolão havia pelo menos um ano.

“A atuação do triunvirato formado por Silas Rondeau, Erenice Guerra e Antônio Palocci (ex-ministro da Fazenda) foi fundamental para se chegar ao desenho corporativo e empresarial definitivo do projeto Belo Monte”, teria dito Delcídio aos procuradores. O senador reforçou sua fala afirmando que ocorreu superfaturamento em todas as etapas das obras da usina.

Em outro trecho da delação, considerada explosiva por muitos, Delcídio afirma que o ex-tesoureiro da campanha de Dilma 2014, Edinho Silva (atual ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência), atuou para “esquentar” dinheiro da indústria farmacêutica, usando a contabilidade das campanhas aos governos estaduais e “forjando falsas prestações de serviço”.

Como antecipou o UCHO.INFO no dia da prisão de Delcídio Amaral pela PF, o senador é um arquivo ambulante que, ciente de que será banido da política por algum tempo, não cairia sozinho sem ao menos levar junto meia dúzia de envolvidos no Petrolão.

Caso o acordo de delação premiada de Delcídio for homologado pelo STF, a República enfrentará um tsunami, sem que Dilma Rousseff tenha tempo suficiente para arrumas as gavetas da escrivaninha. As do Palácio da Alvorada ficarão para depois.