A senadora Gleisi Helena Hoffmann está seguindo à risca as ordens de Lula de “achincalhar o juiz Sérgio Moro e a equipe da Lava Jato”. Em vídeo postado em seu Facebook, Gleisi acusa Moro de ter cometido um “atentado contra a democracia” por ter autorizado que a Polícia Federal grampeasse o telefone do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, investigado por lavagem de dinheiro, tráfico de influência e chefiar uma organização criminosa.
O grampo que tanto indignou Gleisi mostra Lula e a presidente Dilma Rousseff conspirando para obstruir a Justiça e cometendo fraude ao nomear o ex-presidente ministro de Estado para salvá-lo de uma prisão iminente por uma série de crimes, entre elas a ocultação de provas e a incitação à violência.
Para Gleisi, que é denunciada por corrupção por quatro delatores cujos depoimentos foram homologados pela Justiça (Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa, Alexandre Romano e Delcídio do Amaral), Moro cometeu um crime ao “fazer um grampo” que pegou Lula e Dilma conspirando para burlar as leis do País.
Ao agredir o juiz Sérgio Moro, a senadora petista se submete de forma vexatória à ordem de comando de Lula, o palestrante em fuga. Como é possível conferir em matéria publicada nesta quinta-feira (18) pelo jornal “Folha de S. Paulo”, o ex-presidente Lula afirma em ligação telefônica interceptada pela Polícia Federal que os deputados do PT precisam “achincalhar” o juiz Sérgio Moro e a equipe da Operação Lava-Jato, pois eles “têm que ter medo” e “preocupação”.
A conversa é com o deputado petista Wadih Damous (RJ). Nela, Lula combina estratégias de ofensiva contra a Lava Jato. As informações foram transcritas pela Polícia Federal e enviadas ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.
“Eu tô botando muita fé de que se a nossa bancada tiver animada ela pode fazer a diferença nesse processo com o Moro, com Lava Jato, com qualquer coisa, sabe?”, disse Lula.
E em seguida completa: “Eu acho que eles têm que ter em conta o seguinte, bicho, eles têm que ter medo”.
Damous concorda e Lula continua.
“Eles têm que ter preocupação… um filho da puta desses qualquer que fala merda, ele tem que dormir sabendo que no dia seguinte vai ter dez deputados na casa dele enchendo o saco, no escritório dele enchendo o saco, vai ter uma representação no Supremo Tribunal Federal, vai ter qualquer coisa”, diz Lula na conversa.
O ex-presidente questiona: “porque a gente não pode achincalhar?”.
De acordo com a Polícia Federal, a conversa entre Lula e Wadih Damous ocorreu em 28 de fevereiro e mostra a submissão do parlamentar ao ex-metalúrgico.
Confira a baixo a transcrição do diálogo na íntegra:
Lula: O senhor sabe, Wadih, que eu tô, eu já marquei com o Quaquá e o Fabiano.
Wadih: Aham.
Lula: Pra eles virem aqui em São Paulo pra gente ter uma conversa.
Wadih: Aham.
Lula: E.. e.. e eu tô botando muita fé de que se a nossa bancada tiver animada ela pode fazer a diferença nesse processo com o Moro, com Lava Jato, com qualquer coisa, sabe?
Wadih: A bancada tá outra bancada.
Lula: Eu acho que eles têm que ter em conta o seguinte, bixo, eles têm que ter medo.
Wadih: Aham.
Lula: Eles têm que ter preocupação. Um filho da p. desses qualquer que fala merda, ele tem que dormir sabendo que no dia seguinte vai ter dez deputados na casa dele enchendo o saco, no escritório dele enchendo o saco, vai ter uma representação no Supremo Tribunal Federal, vai ter qualquer coisa.
Wadih: Aham.
Lula: Vai ter dez discursos na câmara contra ele, vai citar o nome dele, sabe? Se não parar com esse negócio de que eles tão acima do bem e do mal.
Wadih: É isso mesmo.
Lula: Sabe? Se um filho da p. desses qualquer pode pegar [ininteligível] sabe? E achincalhar, porque a gente não pode achincalhar.
Wadih: É verdade.
Lula: Sabe? Que história que é essa?
Wadih: É verdade. A bancada tá com um perfil bem melhor, presidente.
Lula: Sabe? Eu tô muito otimista, bixo.
Wadih: Não, eu também.
Lula: Eu tô convencido que a bancada poderá ser a redenção do PT, viu?
Wadih: Aham.
Lula: Sabe?
Wadih: E nesse sentido pode contar comigo.