Em pronunciamento durante histórica visita histórica a Havana, o presidente Barack Obama, dos Estados Unidos, afirmou nesta segunda-feira (21) estar confiante de que o embargo comercial a Cuba terá fim. “Quando, não posso dizer ao certo”, lembrou o inquilino da Casa Branca, já que a decisão depende do Congresso estadunidense.
De acordo com o presidente dos EUA, pesam no processo de aprofundamento das relações entre ambos os países as “sérias divergências” em relação à democracia e aos direitos humanos.
Obama afirmou que os EUA não veem Cuba como uma ameaça, destacando em seu discurso o que chamou de “nuevo dia” na relação entre norte-americanos e cubanos. “O futuro de Cuba não será decidido pelos Estados Unidos, mas pelos cubanos”, disse Barack Obama em pronunciamento no Palácio da Revolução.
Os dois países reataram as relações diplomáticas em julho do ano de 2015, mas, apesar da reaproximação, o embargo comercial imposto pelos Estados Unidos durante a chamada “Guerra” Fria ainda está em vigor e corre o risco de não ser extinto por causa da resistência dos congressistas republicanos, que no momento não podem tratar do assunto, pois contraria o discurso xenófobo do candidato Donald Trump.
O presidente cubano, Raúl Castro, por sua vez, disse que a persistência do embargo comercial à ilha e a ocupação norte-americana na base naval de Guantánamo são os dois principais obstáculos para a normalização das relações bilaterais.
De acordo com Castro, a reaproximação que acontece desde 2015 e os avanços conquistados desde então são positivos, mas insuficientes para a retomada plena das relações entre os dois países. O embargo, com efeitos “intimidatórios”, tem sido o maior impedimento para o desenvolvimento econômico de Cuba, que desde a derrocada da União Soviética passou a depender de acordos pontuais com ditadores comunistas espalhados pelo planeta.
“Temos profundas diferenças que nunca serão superadas”, afirmou o presidente cubano. “EUA e Cuba precisam colocar em prática a arte da coexistência civilizada”, completou.
Em rara entrevista à imprensa, Raúl Castro foi questionado sobre quando soltará os presos políticos do regime. “Cuba não tem prisioneiros políticos”, afirmou. “Me dê uma lista dos prisioneiros políticos, e eu vou soltá-los imediatamente, ainda nesta noite”, disse. Para Raúl, os direitos humanos não devem ser “politizados”.
A fala de Raúl Castro aos jornalistas mostra a pouca disposição do regime cubano de ceder em alguns pontos para que o país caribenho consiga conviver pacificamente com a maior economia global. A afirmação de que o embargo econômico impede o desenvolvimento de Cuba é parcialmente verdadeiro, mas não se pode aceitar uma ditadura travestida de democracia estreante, pois sabe-se que na ilha ainda perdura as ordens facinorosas de Fidel Castro, dono da palavra final sobre os destinos dos cubanos.
Acordos
Segundo o presidente Barack Obama, o fim do embargo comercial depende, além de maioria no Congresso norte-americano, de mudanças efetivas na ilha.
Obama também lembrou em seu discurso que esteve na China e no Vietnã, países onde ocorrem violações de direitos humanos. “Podemos forçar por mudanças, mas elas têm de sair de dentro do país”, disse.
O governo dos EUA já havia promovido mudanças regulatórias para facilitar o comércio e as viagens entre os dois países. Durante esta visita, Obama e Castro assinaram acordos na área ambiental, naval e agrária. Os chefes dos dois países se comprometeram em avançar com a cooperação no combate a doenças, como o vírus Zika vírus e o câncer.