Operação-Xepa: nova fase da Lava-Jato cumpre 110 mandados e coloca o governo em situação crítica

marcelo_odebrecht_1001

A Operação Xepa, 26ª fase da Operação Lava-Jato e deflagrada nesta terça-feira (22), cumpre 110 mandados em oito estados e no Distrito Federal. Os investigadores da força-tarefa identificaram que mesmo com a prisão do presidente afastado do Grupo Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, o pagamento de propinas continuou pela menos até dezembro de 2015, o que mostra a ousadia dos corruptos, sejam passivos ou ativos.

“Apurou-se que as tratativas acerca dos pagamentos de vantagens indevidas se estenderam até, pelo menos, novembro de 2015, conforme comprovado por troca de e-mails entre os investigados”, informa a força-tarefa da Lava-Jato.

De acordo com indicações que surgiram na Operação Acarajé (23ª fase da Lava-Jato), os pagamentos eram realizados a partir de estrutura do Grupo Odebrecht “profissionalmente organizada” denominada “setor de operações estruturadas”.

“Este setor tinha dentre suas missões viabilizar, mediante ‘pagamentos paralelos’, atividades ilícitas realizadas em favor da empresa. Para operacionalizar o esquema ilícito, foi instalado dentro do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht um sistema informatizado próprio, utilizado para armazenar os dados referentes ao processamento de pagamentos ilícitos e para permitir a comunicação reservada entre os executivos e funcionários envolvidos nas tarefas ilícitas.”

Preso desde 19 junho de 2015 (Operação Erga Omnes), Marcelo Odebrecht foi condenado em fevereiro a mais de 19 anos de prisão na primeira ação que envolve o grupo empresarial baiano. A nova fase da Lava-Jato piora sobremaneira a situação do empreiteiro, pois as provas mostram o contrário do que vem alegando sua defesa.

“Dentre as razões que embasaram as prisões preventivas estão as novas evidências de pagamentos de propinas vultuosas, disseminadas e sistematizadas como modelo de negócio, até data recente, mesmo após a 14ª fase da Lava Jato, a qual focou sobre a atividade ilícita da Odebrecht”, informa o Ministério Público Federal.

“Os indicativos de obstrução à investigação, com a destruição de arquivos e informações; bem como as provas de mudança para o exterior, por conta da empresa e após a deflagração da Lava Jato, dos funcionários responsáveis pela estruturação dos pagamentos ilícitos”, completa o MPF.


A Operação Xepa é um desdobramento da Operação Acarajé, em que foram presos o marqueteiro petista João Santana e sua mulher e sócia Mônica Moura, que deve fechar acordo de delação premiada em breve. Santana e Moura receberam pelo menos US$ 3 milhões da Odebrecht em conta secreta na Suíça, o que confirma as muitas matérias do UCHO.INFO sobre o esquema de corrupção que sangrou o Atlântico e aportou na Europa, com direito a parada em Angola. A partir das investigações da Operação Xepa foi possível descobrir as planilhas secretas da empreiteira com pagamentos de propina e os codinomes utilizados para identificar os recebedores do dinheiro sujo.

“A partir das planilhas obtidas e das anotações contidas no celular de Marcelo Odebrecht, obtiveram-se mais evidências contundentes de que este, então Presidente da Organização Odebrecht, não apenas tinha conhecimento e anuía com os pagamentos ilícitos, mas também comandava diretamente o pagamento de algumas vantagens indevidas, como, por exemplo, as vantagens indevidas repassadas aos publicitários e também investigados Mônica Moura e João Santana”, informa o MPF.

Com o avanço da Operação Lava-Jato, cuja força-tarefa já tem estruturada pelo menos mais cinco novas fases, a situação do governo fica insustentável, pois todos os envolvidos em algum momento revelarão detalhes do esquema criminoso em troca de eventual redução de pena. Com isso, Dilma Rousseff, a presidente da República, vê o acirramento da crise e a diminuição das possibilidades de continuar comandando o País.

De igual modo, cresce a deterioração da situação de Luiz Inácio da Silva, que há muito atua como lobista de empreiteiras, em especial da Odebrecht, tendo recebido propinas por meio de dezenas de palestras que sequer foram registradas em áudio ou vídeo. Ou seja, o cronometro petista foi acionado e o tempo passa com velocidade muito maior do que esperavam os companheiros. Em suma, o fim da feira está próximo, como sugere o nome da nova fase da Lava-Jato: Xepa.

apoio_04