Tirante o conteúdo incontestavelmente criminoso do diálogo entre Dilma Rousseff e Lula, em que ambos combinam a entrega de um termo de posse fraudulento, a presidente da República tenta convencer a opinião pública de que a interceptação telefônica foi ilegal e colocou em risco a soberania nacional. Entre o que Dilma pensa (e fala) e a realidade dos fatos há uma distância muito grande. Uma interceptação telefônica realizada com autorização da Justiça não pode ser considerada ilegal, não importando a necessidade de quem defende tal tese. O máximo que se poderia afirmar é que a interceptação foi irregular, mas não é o caso.
Ademais, no assunto em questão o interceptado era Luiz Inácio da Silva, não a presidente da República, que precisa saber o que fala ao telefone e com quem. Não restam dúvidas de que a conversa entre ambos teve como cardápio uma armação oficial para que o ex-metalúrgico conseguisse escapar de eventual pedido de prisão no âmbito da Operação Lava-Jato. Mas a presidente e seus assessores até agora não conseguiram explicar o conteúdo do diálogo, preocupando-se apenas em criticar o juiz Sérgio Moro, que deferiu pedido do Ministério Público Federal ao autorizar a interceptação.
No fatídico telefonema a Lula ficou claro que a presidente não dá importância à segurança que o próprio cargo exige. Aliás, Dilma mostrou ao País que não reúne condições para decidir os destinos da nação, pois um chefe de Estado, por mais inocente e bem intencionado que seja, não pode prescindir de sistemas de segurança por questões estratégicas de governo. De tal modo, a alegação apresentada pela Advocacia-Geral da União de que a interceptação das conversas de Lula colocou em risco a soberania nacional está mais para figura de retórica do que para fato consumado.
Para quem operou na clandestinidade durante o regime militar, ao qual combateu com direito a pegar em armas, Dilma tem mostrado uma amadora. Talvez por isso acabou presa e não mereceu destaque nas fileiras da luta armada. Foi no máximo uma reles colaboradora que fez da prisão um trampolim para o futuro. Não se trata de desdenhar o período que Dilma passou enclausurada, mas há no Brasil dezenas de pessoas, talvez centenas, que foram presas durante a ditadura e que não fazem uso desse episódio para tirar vantagem.
Voltando à incapacidade de Dilma e a suposta ameaça à soberania nacional, os palacianos deveriam saber que há sistemas absolutamente confiáveis que criptografam conversas telefônicas, troca de mensagens por SMS e envio de arquivos e dados. Considerando o assalto aos cofres da Petrobras, o custo do serviço de criptografia fica aquém do irrisório.
Não se trata de querer que a presidente esteja segura para novas conversas pouco ou nada republicanas, mas de exigir de um governante que tome os cuidados necessários ao tratar assuntos de Estado ou de governo. Se Dilma fizer uso do sistema de criptografia para o cometimento de crimes, então a petista é caso de polícia. Contudo, pelo nível das conversas mantidas por Lula com alguns petistas, os atuais inquilinos do Palácio do Planalto desconhecem o que assunto estratégico. Até porque, para a malta que tomou o governo central de assalto o interesse maior é o plano criminoso de poder.
Para que os leitores avaliem a importância de um serviço de criptografia no âmbito da Presidência da República, o governo suíço utiliza esse sistema sem qualquer dificuldade ou entrave legal. Mas não se pode comparar um governante suíço com a estabanada Dilma Rousseff.
De tal modo, há no caso em questão duas saídas para Dilma Rousseff: ou ela aceita ideia de que para estar presidente é preciso tomar atitudes republicanas, sem querer privilegiar um partido político que já é considerado organização criminosa, ou contrata para a cúpula do governo um serviço de criptografia. E o UCHO.INFO pode recomendar um serviço plenamente seguro e confiável. Enquanto isso não acontece, Dilma continua a brincar de governar. Enfim…