Lava-Jato: MPF desmente Odebrecht e diz que não está negociando acordo de delação com empreiteira

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Menos de 24 horas após a Odebrecht divulgar nota informando que os executivos do grupo empresarial decidiram colaborar com as investigações da Operação Lava-Jato, o Ministério Público Federal rebateu a informação, também por meio de nota, destacando que não há qualquer negociação em curso com os representantes flagrados nas investigações.

Nesta quarta-feira (23), os procuradores federais informaram que a simples intenção de fazer um acordo de colaboração premiada não garante a interrupção das investigações. Essa explicação dá a entender que a nota divulgada pela Odebrecht foi uma cortina de fumaça para tentar conter as investigações sobre a empreiteira, em especial as da Operação Xepa, 26 fase da Lava-Jato.

Na nota divulgada na terça-feira (22), a Odebrecht, por meio de sua assessoria de imprensa, abusou da ironia ao afirmar: “A empresa, que identificou a necessidade de implantar melhorias em suas práticas, vem mantendo contato com as autoridades com o objetivo de colaborar com as investigações, além da iniciativa de leniência já adotada em dezembro junto à Controladoria Geral da União”.

No contraponto, o MPF destacou, em nota divulgada nesta quarta-feira, que, além da continuidade das investigações, a Odebrecht feriu frontalmente a lei que trata das delações premiadas ao noticiar sua intenção de formalizar um acordo, já que para tanto é obrigatório o sigilo.


O Ministério Público também ressaltou que a suposta intenção da empresa de buscar um acordo de delação não anula os indícios de obstrução da Justiça identificados pelos procuradores durante as investigações.

A situação da Odebrecht PE crítica no âmbito da Operação Lava-Jato, pois se os executivos, incluso Marcelo Bahia Odebrecht, não revelarem fatos novos, além daqueles pelos quais é investigada, o acordo de colaboração pode fracassar.

No caso de a nota da Odebrecht, divulgada na terça-feira, não ter sido uma cortina de fumaça sobre a Operação Xepa, como mencionado anteriormente, por certo foi mais um recado aos políticos envolvidos no Petrolão, o maior esquema de corrupção da História.

Com o avanço das investigações, a força-tarefa da Lava-Jato acabou desvendando o esquema criminoso de pagamento de propinas mantido pela empreiteira, o que pode ser interpretado como um erro dos investigados postergar a negociação de acordo de delação.

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