Operação Xepa: amigo de Lula, Andrés Sanchez diz que Corinthians foi vítima no caso do Itaquerão

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O que era esperado acabou acontecendo. Ex-presidente do Sport Clube Corinthians Paulista, deputado federal pelo PT e próximo ao quase ministro Lula, Andrés Sanchez não demorou muito tempo para afirmar que o clube foi vítima da Operação Lava-Jato. É o que faltava para rechear o discurso insano do PT, cujo objetivo é esvaziar a operação que interrompeu o maior esquema de corrupção da História.

A declaração foi dada ao jornal “O Estado de S. Paulo” nesta terça-feira (22), quando a Operação Xepa (26ª fase da Lava-Jato) conduziu coercitivamente o vice-presidente do Corinthians, André Luiz de Oliveira, acusado de receber R$ 500 mil em propina paga pela Odebrecht.

Conhecido como André Negão, o cartola corintiano negou ter recebido qualquer dinheiro da empreiteira responsável pela construção da Arena Corinthians, mas a força-tarefa da Lava-Jato não tomaria a decisão de acusa-lo sem que existam provas.

O estádio do alvinegro paulistano foi orçado inicialmente em R$ 450 milhões, com o objetivo de também servir como palco da Copa do Mundo de 2014, mas ao final custou R$ 1,2 bilhão. Parte do dinheiro foi emprestada pelo BNDES. Desde 2015, o clube de Parque São Jorge tem quitado mensalmente parcelas de R$ 5 milhões referentes ao financiamento feito pelo banco de fomento federal.

Na planilha da contabilidade secreta da Odebrecht, que controlava as propinas devidas e pagas, o nome de André Negão aparece sob o codinome “Timão”, ao lado da palavra “Alface”. A planilha foi apreendida na casa da secretária dos altos executivos da empreiteira, Maria Lúcia Guimarães Tavares, presa na Operação Acarajé (23ª fase da Lava-Jato) e que atualmente está no programa de proteção a testemunhas.

Maria Lúcia Tavares foi presa em caráter temporário, mas, apesar de não ter firmado acordo de delação premiada, decidiu colaborar com os investigadores, detalhando o funcionamento do esquema de pagamento de propinas, rotuladas pelos envolvidos como “acarajés”.

Se Maria Lúcia já contou tudo o que sabe é difícil afirmar, mas é certo que no vácuo de uma obra de R$ 1,2 bilhão qualquer propina de R$ 500 mil é considerada troco. André Negão pode não se lembrar desse irrisório valor, mas o tempo dirá quem está falando a verdade. Afinal, em um clube que consegue a proeza de contratar por R$ 40 milhões o jogador Alexandre Pato, R$ 500 mil é valor passível de esquecimento. O UCHO.INFO antecipou há mais de dois anos que esse escândalo de corrupção em algum momento viria à tona.

É preciso considerar que Maria Lúcia por certo não gostou dos nove dias que passou na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, o que levou a colaborar de forma espontânea com os investigadores. Afinal, uma pessoa investigada pela Lava-Jato e que não frequenta o alto escalão da Odebrecht sabe que soltar a voz é garantia de um futuro menos conturbado. Até porque, a investigação entrou na fase do “salve-se quem puder”.

Fora isso, Maria Lúcia conhece detalhes sobre pagamentos – US$ 3 milhões já identificados – feitos pela Odebrecht ao marqueteiro João Santana. Foi com a secretária que a força-tarefa encontrou planilhas indicando pagamentos a “Feira”, referência ao responsável pelas três últimas campanhas presidenciais petistas.

Não por acaso, após as revelações de Maria Lúcia, a Odebrecht apresentou à Lava-Jato, no começo da noite desta terça-feira, proposta de delação premiada coletiva, inclusive do presidente afastado Marcelo Bahia Odebrecht.

Quando os investigadores analisarem com a devida calma os documentos apreendidos na Operação Xepa, certamente descobrirão que as propinas pagas a partir das obras do Itaquerão foram muito além de R$ 500 mil.

É importante ressaltar que Lula é conselheiro vitalício do Corinthians e coube a ele trabalhar nos bastidores para que o sonho de todos os corintianos virasse realidade: um estádio próprio.

Sem contar proximidade do ex-presidente da República com Andrés Sanchez, que afirmou: “Concluída a investigação, se for constatado algum dinheiro desviado da obra da arena, o Corinthians pedirá ressarcimento”. Discurso ouvido várias vezes ao longo da Lava-Jato.