Demissão de ministro do Turismo antecipa desembarque do PMDB e leva desânimo ao Palácio do Planalto

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O desembarque do PMDB do governo de Dilma Vana Rousseff começou antes de o partido confirmar a decisão. Ministro do Turismo e ligado a Michel Temer, presidente nacional da legenda, o potiguar Henrique Eduardo Alves pediu demissão em carta enviada à chefe do governo, nesta segunda-feira (28).

Afirmando na carta que pensou “muito” antes de decidir pela demissão, Alves, que estava no cargo desde 16 de abril de 2015, enfatizou que “independentemente de nossas intenções o momento nacional coloca agora o PMDB, o meu partido há 46 anos, diante do desafio maior de escolher o seu caminho, sob a presidência do meu companheiro de tantas lutas, Michel Temer”

Como se antecipasse a decisão que será tomada pelo PMDB em aguardada convenção marcada para terça-feira (29), Henrique Eduardo Alves ressaltou no documento que o diálogo no governo “se exauriu”. Isso significa que o partido deve desembarcar em peso do governo, ficando nos cargos apenas os desrespeitarem a decisão do partido.

Depois do anúncio da demissão do ministro do Turismo, que pode puxar a fila das renúncias, o clima no Palácio do Planalto tornou-se semelhante ao de um velório, tamanho é o desanimo que tomou conta do núcleo duro do governo. Isso porque os palacianos já esperam uma avalanche de deserções nas próximas horas, o que garantiria a aprovação do processo do impeachment, chamado de “golpe” pelos petistas desesperados.


Com a acelerada piora da situação política de Dilma, alguns assessores presidenciais têm sugerido soluções no estilo “cavalo de pau”, mas o governo sabe que não tem mais força para anunciar, por exemplo, medidas de estímulo à economia, que cada vez mais afunda na vala da crise. Isso mostra que o governo está chegando ao fim, sem que a presidente aceite a realidade como essa se apresenta.

Uma das alternativas que vem ganhando força nas últimas horas, mas que cheira a retaliação a Michel Temer, o vice que está de olho na vaga de presidente da República e vem articulando nos bastidores para ocupar o principal gabinete palaciano, seria uma proposta de emenda constitucional a ser enviada por Dilma ao Congresso com o objetivo de convocação de nova eleição presidencial em curto prazo de tempo (noventa dias, no máximo). Ou seja, presidente e vice seria eleitos novamente.

No caso de essa estratégia vingar, o que é difícil, o PT estaria dando um novo golpe, pois sabe que a Lula ainda resta um pouco do seu cacife político, o que lhe permitiria concorrer ao Palácio do Planalto, mantendo as esperanças petistas de não ver a legenda ser varrida do mapa político nacional. De igual modo, os “companheiros” sabem que sobra dinheiro nos cofres subterrâneos, em quantidade suficiente para bancar uma campanha eleitoral de ponta. Daí a acreditar na vitória é outro problema.

O desânimo que aterrissou no cerne do governo tem levado alguns ministros a falarem em tom de despedida, como se a guerra já estivesse perdida. Em outras palavras, falta apenas marcar o dia do velório, já que o atestado de óbito já está sendo confeccionado.

No meio da tarde desta segunda-feira, o clima ficou ainda pior no Palácio do Planalto com a notícia de que o Ministério Público Federal denunciou os marqueteiros João Santana e Mônica Moura, responsáveis pelas campanhas de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014), por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. Santana e Moura foram alvos da Operação Acarajé, 23ª fase da Operação Lava-Jato.

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