Hollande desiste de propor a retirada da nacionalidade francesa de condenados por terrorismo

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O presidente francês, François Hollande, anunciou nesta quarta-feira (30) que desistiu de submeter ao Congresso a reforma constitucional que incluía a possibilidade de retirar a nacionalidade francesa dos condenados por terrorismo. Diante do bloqueio político que a proposta provocou, Hollande reconheceu que um compromisso sobre a retirada de nacionalidade nas duas câmaras do Parlamento, condição obrigatória para reformar a Constituição, “está fora de alcance”.

O presidente resolveu encerrar o debate constitucional após reunião com os presidentes da Assembleia Nacional e do Senado. A medida foi apresentada pelo governo socialista como uma resposta aos atentados que deixaram 130 mortos em Paris, em 13 de novembro do ano passado. Imediatamente após os atentados terroristas, François Hollande propôs a reforma constitucional às duas Câmaras reunidas no Congresso. Na ocasião, ele foi aplaudido pela grande maioria dos parlamentares, mas logo se tornou alvo de polêmica.

Desde então, a França viveu quatro meses de debates acalorados, em especial sobre a possibilidade de retirada da nacionalidade aos condenados por atos terroristas. O projeto original sofreu várias emendas e foi acusado de incentivar a divisão entre os franceses, no momento em que o país necessita de coesão para enfrentar o terrorismo.

“Constato que uma parte da oposição é hostil a qualquer revisão constitucional, seja sobre o estado de emergência ou sobre a independência da magistratura. Lamento profundamente esta atitude, já que devemos fazer todo o possível nas circunstâncias atuais, que são graves, para evitar as divisões”, completou Hollande no discurso solene após reunião do Conselho de Ministros.


O debate a respeito da nacionalidade divide inclusive a esquerda e provocou a saída do governo da ministra da Justiça, Christiane Taubira. Em seu pronunciamento nesta manhã, Hollande reafirmou que a ameaça terrorista nunca esteve tão elevada. “O terrorismo islâmico declarou guerra à França, à Europa e ao mundo”, destacou o presidente, acrescentando que continuará a proteger os franceses.

Queda nas pesquisas

O recuo de François Hollande já era esperado, mas mesmo assim representa mais um fracasso do presidente francês, que até agora não mostrou a que veio. Uma pesquisa divulgada esta semana mostra que o chefe de Estado tem apenas 18% de aprovação popular. O presidente perde cada vez mais terreno na corrida presidencial para 2017.

Outra pesquisa, publicada nesta quarta-feira, mostra que François Hollande seria o terceiro colocado no primeiro turno, com 16% dos votos, registrando quatro pontos a menos do que na pesquisa anterior. Em primeiro lugar estaria a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, com 27%, seguida pelo ex-presidente e líder do partido “Os Republicanos”, Nicolas Sarkozy, com 21%. (Com RFI)

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