Na corda bamba, Dilma tenta salvar o mandato dando mais cargos ao PP, que afunda na Lava-Jato

(Eraldo Perez - Associated Press)
(Eraldo Perez – Associated Press)

Em sua cartada política derradeira, Dilma Rousseff tenta reinventar a base de apoio ao governo com a distribuição dos cargos que serão desocupados pelo PMDB, que na terça-feira (29) oficializou o desembarque do governo mais corrupto da história nacional, o que não significa que os peemedebistas sejam querubins bem intencionados.

Depois do anúncio do PMDB, que já era esperado no meio político, a presidente da República reuniu-se com assessores mais próximos para definir a estratégia de cooptar apoio político no Congresso no varejo. Até então, o Palácio do Planalto vinha negociando no atacado, ou seja, fazendo o escambo em larga escala com partidos da chamada base aliada. Agora, a negociação será pontual, no estilo corpo a corpo.

Para tanto, o governo terá em breve aproximadamente seiscentos cargos na estrutura federal para atrair parlamentares, os quais, como contrapartida, terão de se comprometer com a derrubada do processo de impeachment no plenário da Câmara dos Deputados. Missão nada fácil em um momento em que pelo menos dois terços da população brasileira cobra o fim do governo.

Como forma de alcançar seu objetivo, Dilma pretende dar mais espaço a alguns partidos que ainda não deixaram a base de apoio, como PP, PSD e PR. Ou seja, prevalecerá mais uma vez o fisiologismo bandoleiro, pois a corrupção que grassa na Esplanada dos Ministérios só mudará de mãos.


Caso consiga manter o PP como aliado, dando à legenda mais espaço no governo através de cargos, Dilma levará para o cerne de sua administração mais um grande problema. O Partido Progressista é a legenda com maior número de integrantes investigados na Operação Lava-Jato, que interrompeu o mais ousado esquema de corrupção de todos os tempos. Alguns desses integrantes já foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República e dificilmente escaparão de condenação.

A grande questão é que um dos próceres do PP, Pedro Corrêa, que continua preso em Curitiba por determinação do juiz federal Sérgio Moro, firmou acordo de colaboração premiada. Ex-deputado federal e ex-presidente nacional do PP, Pedro Corrêa – que foi condenado na Ação Penal 470 (Mensalão do PT), em sua delação não poupou petistas ilustres, como Lula. O ex-presidente da República, agora um bem sucedido lobista-palestrante, foi acusado de ter sido conivente com a roubalheira na Petrobras desde o primeiro capítulo da epopeia criminosa.

Como se não bastasse, o esquema de corrupção que ficou nacionalmente conhecido como Petrolão foi criado pelo então deputado federal José Janene (PP-PR), já falecido, para substituir o Mensalão do PT. Janene e Lula se acertaram no escopo do esquema, acordo que resultou na indicação de Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da Petrobras, um das cornucópias bandoleiras que alimentaram o caixa 2 de muitas legendas, começando pelo PP.

No momento em que Dilma tenta salvar o mandato dando mais espaço a um partido sabidamente corrupto – até o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), é investigado por corrupção –, significa que o governo não reúne condições de seguir adiante. Em outras palavras, a petista, em gesto de grandeza, deveria renunciar ao cargo o quanto antes, pois um processo de impeachment, se aprovado na Câmara, poderá demorar pelo menos seis meses para chegar ao fim.

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