Chegou ao fim a fábula rocambolesca protagonizada pela senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) e por seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo do Silva (do Planejamento e das Comunicações), também petista. Isso porque o outrora “casal 20” da Esplanada dos Ministérios (ela foi ministra-chefe da Casa Civil) foi indiciado pela Polícia Federal, no escopo da Operação Lava-Jato, por corrupção passiva, ocorrida no rastro do esquema criminoso conhecido como Petrolão.
Em novembro de 2014, o doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Lava-Jato, afirmou, em depoimento de colaboração premiada, que deu R$ 1 milhão à campanha de Gleisi, em 2010, quando a petista foi eleita ao Senado Federal. A propina foi paga em quatro parcelas consecutivas e de igual valor, sendo que o dinheiro desviado da Petrobras foi entregue ao dono de um shopping popular da cidade de Curitiba. Três parcelas foram entregues, em dinheiro, no centro comercial, sendo que a última na casa do empresário paranaense.
Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que chegou ao cargo por indicação do PP e nomeação do agora palestrante Lula, também firmou acordo de colaboração premiada e, em depoimento, disse ter recebido pedido para ajudar financeiramente a campanha de Gleisi Hoffmann.
Gleisi, que nos últimos tempos tem se dedicado à insana defesa do governo corroído da “companheira” Dilma Rousseff, também é investigada na Operação Pixuleco II, 18ª fase da Lava-Jato. A senadora é acusada de ter se beneficiado de um esquema de desvio de recursos no Ministério do Planejamento a partir de empréstimos consignados. Segundo a acusação, feita pelo ex-vereador petista Alexandre Romano (da cidade de Americana), conhecido como Chambinho, Gleisi particpou do esquema que rendeu pelo menos R$ 53 milhões, dos quais R$ 8 milhões foram parar na conta do advogado da senadora, o petista Guilherme Gonçalves.
Uma das planilhas apreendidas no escritório de advocacia comprovaria a operação. O documento, de fevereiro de 2015, revela que o “Fundo Consist” — denominação usada para identificar o pagamento de valores ilícitos — apresentava um crédito de R$ 50.078,00, em favor da senadora e de pessoas conexas. Em um dos lançamentos de débito consta a anotação “salário motorista – cheque 828”, enquanto no outro, “Diversos PT, PB, Gleisi”.
Segundo a PF, o motorista da petista, Hernany Mascarenhas, foi pago com dinheiro desviado do Ministério do Planejamento. Em outro documento apreendido consta anotação do pagamento de R$ 50 mil em honorários pela Consist ao escritório do advogado em 29 de setembro de 2011. O pagamento teria sido acertado com o ex-ministro Paulo Bernardo, “que ficaria com todo o montante”, de acordo com os investigadores.
O senador Delcídio Amaral (MS), que fez acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava-Jato, disse “que a empresa Consist sempre atuou como braço financeiro dela [Gleisi Hoffmann] e do marido, [o ex-ministro do Planejamento e das Comunicações] Paulo Bernardo, como mantenedora das despesas do mandato da senadora nos últimos anos”.
Resumindo, o recente indiciamento de Gleisi e Paulo Bernardo por parte da Polícia Federal é o primeiro de outros mais que surgirão com o avanço do tempo, pois são incontestáveis as provas colhidas na investigação que derrubou mais um esquema de corrupção protagonizado pelo partido que, segundo dizem os petistas, preocupa-se com os pobres e desassistidos. Enfim…