Lava-Jato: José Dirceu deve explicação sobre a origem do dinheiro usado para pagar advogados

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Os brasileiros que acompanham o desenrolar do processo de impeachment de Dilma Rousseff e a epopeia em torno da nomeação do lobista-palestrante Lula como ministro da Casa Civil precisam, com a máxima urgência, direcionar a atenção para outros temas envolvendo o Petrolão, o maior esquema de corrupção de todos os tempos. Afinal, há no escopo da Operação Lava-Jato um sem fim de temas que merecem acompanhamento paulatino, sob pena de escândalos passarem ao largo das autoridades.

Ex-ministro chefe da Casa Civil no governo Lula e condenado à prisão na Ação Penal 470 (Mensalão do PT), José Dirceu de Oliveira e Silva continua sendo um mistério. Preso preventivamente por ordem do juiz Sérgio Moro e aguardando julgamento no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, Dirceu foi levado nesta quarta-feira (6) a um hospital da capital paranaense para exames médicos. A defesa do petista apresentou ao magistrado um pedido em que alega ser o cliente uma pessoa senil e portadora de algumas doenças.

À petição foi anexado um laudo assinado por médico de Brasília que atesta ser José Dirceu Um atestado assinado por médico de Brasília afirma que Dirceu é “um paciente “idoso” (tem 70 anos) que sofre de hipertensão e queixa-se de cefaleia (dor de cabeça) “há mais de 20 dias”.

Não faz muito tempo, o criminalista Roberto Podval, um dos mais requisitados do País, afirmou que os filhos do deputado cassado enfrentam problemas financeiros que os impedem de visitar o pai na capital paranaense. Pois bem, se essa é de fato a realidade vivida pelos filhos do outrora homem forte do governo Lula – sua filha trabalha no setor financeiro da Arena Corinthians – beira o despropósito um médico de Brasília avaliar a saúde de um preso que está 1,6 mil quilômetros de distância.


Alguém há de dizer que o médico pode ter se deslocado até a capital do Paraná para conferir o estado de saúde de José Dirceu, o consultor que faturou milhões de reais enquanto esteve preso, mas ninguém faria isso sem receber. A não ser que o País está diante de uma daquelas amizades que existem apenas em livros e enredos de novela.

Independentemente desse importante detalhe, para o qual o juiz Sérgio Moro pode ter fechado os olhos como forma de evitar confusão extra, é preciso saber a origem do dinheiro usado pro José Dirceu para pagar um dos mais caros criminalistas do País. Se o próprio advogado afirmou que os filhos do seu cliente enfrentam aridez financeira, algo de estranho há nessa história, que está com jeito de estória.

Situação semelhante vive o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, preso em Curitiba há quase um ano (sua prisão se deu em 15 de abril de 2015, na esteira da 12ª fase da Operação Lava-Jato) e que está sendo defendido por outro renomado criminalista brasileiro. Sempre negando as acusações de envolvimento no esquema de corrupção que derreteu os cofres da Petrobras, Vaccari precisa explicar a origem do dinheiro destinado ao pagamento dos caros honorários do seu defensor.

Os “camaradas” alegarão que tais despesas estão sendo bancadas pelo Partido dos Trabalhadores, mas a legislação eleitoral proíbe que legendas utilizem a verba partidária para esse fim. Poderão dizer que “vaquinhas” têm sido feitas regularmente para fazer frente aos honorários dos advogados da dupla, mas essa justificativa não convence. Aliás, para o pagamento das multas impostas a alguns “mensaleiros” condenados pelo Supremo Tribunal Federal se deu à sombra desse estratagema que serve apenas para esquentar dinheiro sujo.

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