“Panama Papers”: escritório de advocacia Mossack Fonseca afirma ter sido vítima de hackers

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O escritório panamenho de consultoria e advocacia Mossack Fonseca afirmou, na terça-feira (5), vai processará os responsáveis pelo vazamento de dados sobre políticos e celebridades de diversos países que, supostamente, utilizariam paraísos fiscais para sonegar impostos através de empresas de fachada.

“Ninguém gosta de ser roubado”, afirmou um porta-voz da empresa. “Faremos tudo que pudermos para punir os culpados.”

O jornal alemão “Süddeutsche Zeitung”, um dos responsáveis pela divulgação dos chamados “Panama Papers”, afirmou que os 2,6 terabytes de material vieram de fonte anônima. “Jamais vi a fonte. Temos um chat encriptado pelo qual trocamos informações”, disse o repórter Bastian Obermayer.

O jornalista diz ter perguntado diretamente ao seu informante sobre a razão pela qual teria vazado os documentos. A resposta, segundo Obemayer: “Por que ele entende que é necessário parar com o que estão fazendo.”

A Mossack Fonseca diz ter sido vítima de hacking em seus servidores. “Ataques de hackers são considerados crimes. Um crime grave, punido com penas de prisão”, afirmou Ramón Fonseca Mora, um dos sócios da empresa.

A diretora do departamento legal da empresa, Sara Montenegro, afirmou que o escritório já entrou com uma queixa na Justiça do Panamá. “Temos de fazê-lo para proteger nossos clientes que, de um modo ou de outro, foram atingidos.”


O escritório panamenho garante ter indicações sobre quem estaria por trás do vazamento. “Temos nossas suspeitas. Mas não posso dizer mais, por que não temos provas”, afirmou Fonseca Mora. Ele reclama que o escândalo dos “Panama Papers” abalou a reputação da empresa, que, segundo diz, age de modo completamente legal, sempre em obediência às leis.

A Mossack Fonseca apenas negocia com as grandes corporações através de intermediários, esclareceu o sócio da empresa. Contatos diretos com os clientes não são a regra.

Segundo o “Süddeutsche Zeitung” e a emissora NDR, promotores do estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália já haviam iniciado investigações sobre a Mossack Fonseca há um ano.

O nome da empresa constava em um CD com arquivos que os promotores teriam comprado de uma fonte anônima por cerca de um milhão de euros. Ainda que, seguramente de menores proporções do que os “Panama Papers”, as informações obtidas pelas autoridades bastaram para que uma investigação fosse iniciada.

O “Süddeutsche Zeitung” e a NDR afirmam que o inquérito dos promotores ainda está em andamento e não foi esclarecido se existiriam provas suficientes para processar a empresa panamenha, que é especializada na criação de empresas offshore.

Contudo, não se pode colocar na mesma vala todos os nomes revelados no caso, pois offshores não representam uma ilegalidade se criadas dentro das leis e declaradas aos Fisco dos países onde residem os controladores. (Com agências internacionais)

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