Quando Michel Temer pediu licença da presidência nacional do PMDB, deixando em seu posto o senador Romero Jucá, decisão tomada na última terça-feira (5), o UCHO.INFO afirmou que se tratava de uma estratégia inteligente. Afinal, Temer se pouparia do embate frontal com o governo decadente de Dilma Rousseff, ao mesmo tempo em que colocaria no comando da legenda alguém experiente e livre para tomar as medidas necessárias, sem se preocupar com eventuais retaliações.
E o plano peemedebista começa a dar resultados, pois Jucá (RR) encaminhou à Comissão de Ética da sigla pedidos de expulsão dos ministros da Agricultura, Kátia Abreu, e da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera. Ambos se recusaram a deixar os cargos depois do anúncio de rompimento do partido com o governo petista.
Na quarta-feira (6), um dia após assumir a presidência do PMDB, Romero Jucá despachou os pedidos de ações disciplinares contra os ministros para o presidente da comissão, Eduardo Krause, responsável por tomar as medidas referentes aos filiados.
O pedido contra Kátia Abreu foi apresentado pelo diretório do PMDB baiano, enquanto o de Celso Pansera coube às direções regionais do Acre, Santa Catarina e Espírito Santo. Krause, que é do diretório do PMDB no Rio Grande do Sul, decidirá nos próximos dias sobre a instrução do processo, assim como a escolha de relatores para os casos.
É importante lembrar que os titulares da Agricultura e da Ciência e Tecnologia são dois integrantes do primeiro escalão que mais têm defendido, dentro do partido, a manutenção da aliança com a presidente Dilma Rousseff.
Acredita-se que ambos os ministros tenham o mesmo caminho do ministro Mauro Lopes, secretário de Aviação Civil, que já é alvo de processo na Comissão de Ética do PMDB por ter descumprido uma moção aprovada na convenção partidária aprovada no dia 12 de março que proibiu peemedebistas de assumirem cargos no governo federal.
Até o momento não houve pedidos apresentados de expulsão de outros três peemedebistas que ocupam ministérios na Esplanada: Helder Barbalho (Portos), Eduardo Braga (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde).
Dos sete ministros do PMDB, apenas o ex-titular do Turismo, Henrique Eduardo Alves, e aliado de Temer, deixou o cargo após a decisão da direção partidária que determinou a entrega imediata dos postos de pessoas vinculadas ao partido na gestão Dilma.
Ex-líder dos governos FHC, Lula e Dilma, o peemedebista Romero Jucá assumiu o comando do PMDB tendo como principais missões blindar Temer de ataques e unificar o partido em torno do impeachment de Dilma, do qual é favorável. Com a chegada do senador roraimense à presidência da legenda, o impeachment começou a ser considerado por maior números de parlamentares que antes estavam no muro da indecisão.
