O alegado motivo da prisão do ex-senador Gim Argello na Operação Vitória de Pirro, 28ª fase da Operação Lava-Jato, mostra ao País a estrutura da corrupção que domina a política nacional, ao mesmo tempo em que confirma as muitas matérias do UCHO.INFO sobre a cobrança de propinas em Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) e em algumas Comissões Permanentes, a depender do assunto tratado pelos colegiados.
No caso de Argello, o ex-líder do PTB no Senado Federal é acusado de cobrar R$ 5 milhões da UTC e R$ 350 mil da OAS para que executivos de ambas as empreiteiras não fossem convocados para depor na CPI da Petrobras.
A acusação contra Gim Argello surgiu inicialmente na delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC, e mais recentemente no acordo de colaboração premiada firmado pelo senador Delcídio Amaral (MS), ex-líder do governo no Senado, que após sua prisão foi abandonado pelo PT e principalmente pelo Palácio do Planalto.
No longo e fatiado depoimento que prestou à força-tarefa da Lava-Jato, Delcídio afirmou ter conhecimento do esquema criminoso que imperou na CPI da Petrobras. O resumo do anexo 15 da delação do senador sul-mato-grossense tem título “pedágios cobrados na CPMI da Petrobras”, que confirma as informações divulgadas pela PF sobre a Operação Vitória de Pirro. No documento, o Ministério Público Federal afirma que Delcídio “sabe de ilicitudes envolvendo o desfecho da CPMI que apurava os crimes no âmbito da Petrobras”.
De acordo com o resumo do mencionado anexo, “a CPMI de 2014 obrigava Leo Pinheiro, Julio Camargo e Ricardo Pessoa a jantarem todas as segundas-feiras em Brasília”. “O objetivo desses jantares era evitar que os empresários fossem convocados para depor perante a CPMI”, destaca o compendio do anexo 15 da delação de Delcídio.
Se por um lado essa prática criminosa assusta a extensa maioria dos brasileiros, por outro não causa surpresa àqueles que conhecem o funcionamento do Parlamento federal.
Como antecipou o UCHO.INFO em várias ocasiões, propinas muitas vezes são cobradas em Comissões Permanentes da Câmara dos Deputados e do Senado, normalmente na esteira de algum requerimento de audiência pública. Essa prática tornou-se costumeira no período pós-eleitoral, quando parlamentares ainda têm contas de campanha a liquidar.
Dependendo do objeto do requerimento de audiência pública em determina comissão temática, o preço para a retirada do pedido pode chegar, em alguns casos, a R$ 1 milhão. Como sempre afirma este portal, política no Brasil se faz somente com muito dinheiro. Por conta disso a corrupção avança cada vez mais e de forma voraz contra o Estado e os cidadãos de bem, vítimas maiores desse bambolê criminoso que embala a política nacional.