Vitória de Pirro: prisão de Gim Argello já é considerada lenha na fogueira do impeachment de Dilma

(Diego Padgurschi - Folhapress)
(Diego Padgurschi – Folhapress)

Com a probabilidade de o processo de impeachment de Dilma Rousseff ser aprovado no plenário da Câmara dos Deputados, cresce a chance de ocorrer um impulso nas delações premiadas no escopo da Operação Lava-Jato. E esse novo cenário assusta os palacianos e transforma-se em ingrediente extra contra a estratégia minguante do governo de barrar o processo que pode culminar na queda da presidente da República.

Depois da prisão de Gim Argello na Operação Vitória de Pirro, 28ª fase da Lava-Jato, oposicionistas esperam que o ex-senador opte por revelar o que sabe sobre os esquemas de corrupção que turbinaram o governo de Dilma Vana Rousseff. Afinal, Argello, que assumiu a vaga de senador na condição de suplente de Joaquim Roriz, foi o grande articulador político do primeiro governo da petista.

O quadro que emoldura a prisão de Gim Argello é o mesmo que marcou o calvário de Delcídio Amaral: a família está indignada com o ocorrido e diz que o petebista é inocente. Rico, influente e com excelente trânsito na política nacional – ele foi companheiro de caminhadas de Dilma –, mesmo sem mandato eletivo, Argello sabe muito mais sobre as entranhas do governo do que os palacianos gostariam. Sem o perfil de suportar calado os efeitos devastadores do aprisionamento, o ex-senador é forte candidato à colaboração premiada.

Mesmo que isso não ocorra nos próximos dois dias, a prisão de Argello foi um duro golpe no governo, que não sabe mais o que fazer para reverter o cenário que aponta na direção do impedimento da presidente.


A situação de Gim Argello já é considerada por muitos políticos experientes como lenha na fogueira do impeachment, pois o ex-parlamentar foi vice-presidente da CPI da Petrobras, o que configura uma considerável ameaça ao governo. Ademais, esse detalhe pode ser um propulsor na seara dos indecisos em relação ao impedimento de Dilma. A explicação é simples: uma eventual delação de Argello pioraria a situação do governo, ao qual ninguém gostaria de morrer abraçado, especialmente em ano de eleições.

Como se fosse pouco, Argello é também alvo da Operação Zelotes, que investiga malandragens no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, e suspeitas de venda de Medidas Provisórias para beneficiar o setor automotivo. Sem contar o nebuloso caso dos Gripen NG, caças suecos que reequiparão a Força Aérea Brasileira.

A grande questão nesse ponto da confusão é que Gim mantém fortes relações com alguns dos investigados na Zelotes, a começar por Erenice Guerra, ex-chefe da Casa Civil e pessoa de confiança de Dilma.

Esse novo quadro, que conecta as duas investigações (Lava-Jato e Zelotes), é muito mais perigoso do que a prisão de Gim Argello, se analisada de forma isolada. Afinal, expõe os bastidores imundos do governo mais corrupto da história nacional. Ou seja, um cenário que Dilma não precisa no momento atual.

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