Para manter o discurso de que é vítima de um golpe e que não cometeu crime de responsabilidade no caso das “pedaladas fiscais”, Dilma Rousseff afirma ser, desde sempre, uma defensora convicta da democracia. É preciso saber o que a presidente da República entende por democracia, pois no momento em que dois terços da sociedade pedem o fim do governo mais corrupto da história brasileira, agarrar-se ao cargo, mesmo que isso seja um direito, é uma atitude antidemocrática. Afinal, na democracia todo o poder emana do povo.
De tal modo, as negociações espúrias e subterrâneas levadas a cabo pelo lobista-palestrante Lula, o rufião político do governo, representam um atentado contra a democracia. Como se não bastasse essa ação marginal que teve lugar em um quarto qualquer de luxuoso e conhecido hotel de Brasília, Dilma e Lula agora se empenham para levar o escambo bandoleiro ao Senado Federal. Lá, no Senado, como disse Dilma, o tratamento dispensado aos parlamentares é diferente e mais objetivo.
Como vem afirmando o UCHO.INFO nos últimos dias, a decisão da Câmara dos Deputados a favor da admissibilidade do processo de impeachment foi uma batalha vencida, mas há pela frente outras tantas até se cantar a vitória no palco da guerra.
De acordo com a lei que trata do impeachment, o afastamento de Dilma Rousseff do cargo será de no máximo 180 dias, desde que o Senado aceite a decisão proferida pela Câmara. É nesse exato ponto do entrevero que mora o perigo. Presidente do Senado Federal, o peemedebista alagoano Renan Calheiros já deixou claro que não está com pressa quando o assunto é o impeachment da petista.
Adversário figadal do vice Michel Temer – que pode assumir o comando do País no caso de prosperar o impeachment –, Renan de tudo fará para ajudar Dilma a postergar o processo, o que daria ao governo mais tempo e condições de “comprar” os senadores e salvar o mandato da petista.
O Brasil está desgovernado, mas na melhor das hipóteses a admissibilidade do processo do impeachment no Senado acontecerá na primeira quinzena de maio, o que deixa o País acéfalo em termos de comando. Afinal, Dilma é a presidente de direito, mas está parcialmente afastada do cargo, dependendo apenas de uma decisão do Senado, enquanto Temer, presidente de fato, nada pode fazer sem uma decisão dos senadores.
O cenário supostamente democrático piora sobremaneira quando surge a informação de que Renan Calheiros e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, decidirão o rito do processo de impeachment no Senado. Como mencionado acima, Renan é desafeto de Michel Temer, ao passo que Lewadowski já deu inúmeras e inequívocas mostras de sua disposição para ajudar Dilma Rousseff.
Lewandowski, que deve sua nomeação ao palpite descabido da ex-primeira-dama Marisa Letícia, é grato a Lula por ter chegado à Suprema Corte. E pode externar sua gratidão atrapalhando ao máximo o processo de impeachment. Aliás, o magistrado não esconde ser um entusiasta da tese de o STF acolher pedido de discussão sobre o mérito do pedido de impedimento da petista. Ou seja, a interpretação filosófica e semântica da lei privilegiará, novamente, um partido que age como organização criminosa e quer ser tratado como uma sociedade de pessoas de bem.