Eventual governo Temer agita o ninho tucano e aumenta o racha entre Serra e Alckmin

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O provável governo de Michel Temer tem servido para aumentar a cizânia que sempre marcou a existência do PSDB, em especial a do tucanato paulista, que agora mergulha em queda de braços por conta da eventual administração após a confirmação do impedimento da presidente Dilma Rousseff.

O PSDB de São Paulo resolveu consultar seus 78 mil filiados sobre como o partido deve se comportar em relação à eventual gestão do atual vice-presidente.

O diretório paulista do PSDB é controlado por um aliado de Geraldo Alckmin, que defende que o PSDB não tenha cargos, embora dê apoio no Congresso. O fato é que José Serra continua cotado para assumir importante vaga na Esplanada dos Ministérios.

O apoio defendido pelo governador de São Paulo ao governo de Michel Temer não é incondicional. Alckmin prefere que não haja qualquer tucano ocupando cargo em nome da sigla para não existir obrigação partidária. No mais, o PSDB poderá votar contra o governo quando achar conveniente.

Os tucanos que defendem distância do governo Temer usam a Lava Jato como principal argumento. “O partido ficará exposto, o tempo todo, a perguntas de como é ser companheiro de Esplanada de investigados”, afirma um aliado do senador mineiro Aécio Neves.


Outro peessedebista exemplifica o imbróglio: “Como teremos cargo em um governo que estamos tentando derrubar na Justiça Eleitoral? Precisamos decidir se consideramos a administração Temer legal ou ilegal”, argumenta.

No último sábado passado (23), logo após o senador Aloysio Nunes Ferreira declarar que o “PSDB não faltará com sua responsabilidade”, apoiando Temer, o deputado Carlos Sampaio (SP) enviou mensagem em um grupo de dirigentes do partido concordando com o senador. “Fomos protagonistas no impeachment por estarmos convencidos de que o Brasil, já combalido com Dilma, iria afundar de vez com o time que aí está! Se precisarem de nomes ligados ao PSDB para ajudar a salvar a nação não seria correto negar!”, escreveu o deputado.

O PSDB deve seguir na linha de apoiar o governo sem participar formalmente. O presidente do partido, Carlos Siqueira, convocou reunião da Executiva Nacional para a próxima quinta-feira. Ele defende que o PSB dê apoio a Temer no Congresso independentemente de cargos.

Michel Temer caminha para um cenário em que ficará dependente do centrão, formado por PP, PSD, PR e PRB, além do DEM. Ele tem em mãos um documento preparado por colaboradores de longa data intitulado “Tríplice Resgate”, que mira retomada do crédito, da confiança e da autonomia financeira de municípios. O material foi organizado pelo economista Paulo Rabello de Castro.

O texto sugere sete ações imediatas à provável gestão do peemedebista, entre as quais a redução de R$ 100 bilhões nas despesas do governo, refinanciamento das dívidas dos Estados e simplificação de leis trabalhistas.

Dirigentes de quatro centrais sindicais — Força Sindical, UGT, CSB e Nova Central — estarão com Temer nesta terça, no Jaburu. Cobrarão um governo com menos juros e mais empregos.

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