Impeachment: bate-boca entre Caiado e Lindbergh Farias em nada ajuda a democracia brasileira

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Nada justifica o uso da truculência física ou verbal quando há espaço para argumentos inquestionáveis. É fato que no escopo do processo de impeachment de Dilma Rousseff, eminentemente político, o jogo é sujo e rasteiro, mas quem quer apear a petista do poder não deve tropeçar nas armadilhas dos genuflexos integrantes da tropa de choque palaciana.

No começo da noite desta segunda-feira (2), a sessão da Comissão Especial do Impeachment, que ao todo durou onze horas, foi suspensa por alguns instantes após entrevero discursivo entre os senadores Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Lindbergh Farias (PT-RJ).

Caiado, foi chamado de “mentiroso” pelo colega petista ao ler trecho de reportagem sobre eventual ordem de Dilma para que dados e arquivos referentes à administração federal e a governo fossem apagados dos computadores oficiais para dificultar a vida do vice Michel Temer, que dentro de alguns dias ocupará a Presidência da República na esteira do impedimento da titular do cargo.

Sempre irritado e repetindo na Comissão que o impeachment é golpe, Lindbergh interrompeu o parlamentar democrata, acusando-o de estar mentido. “Isso é mentira do Caiado. Mentir a essa hora da noite, pelo amor de Deus…”, esbravejou o senador petista.

O líder do Democratas, por sua vez, reagiu ao ataque e disse que apenas lia apenas o conteúdo de determinada reportagem. “Isso está sendo publicado, abaixa a palavra. Estou lendo a matéria, está publicada. Não me venha chamar de mentiroso aqui”, rebateu Caiado.


Não satisfeito, Lindbergh revidou: “Chamo de mentiroso, sim”. Foi então que o clima subiu na Comissão do Impeachment. Caiado levantou-se da cadeira e desafiou Lindbergh a chamá-lo de mentiroso fora do recinto em que acontecia a sessão “Fala lá fora”, dizia Caiado, ao que Lindbergh rebatia: “Mentiroso. Não está tratando com os funcionários da sua fazenda”.

Diante do clima tenso, o silêncio tomou conta do plenário em que eram ouvidos especialistas em Direito. O presidente da comissão, senador Raimundo Lira (PMDB-PB), que não tem pulso firma para comandar um colegiado sempre a ponto de explodir, suspendeu a reunião por dois minutos.

O que se espera de uma Casa legislativa é que seus integrantes façam jus aos cargos que ocupam. Considerando que o Senado é tido como um reduto de políticos experimentados e com nível de experiência parlamentar mais elevado, um discussão como a que aconteceu nesta segunda-feira é no mínimo descabida.

Que Dilma precisa ser ejetada da Presidência todos os brasileiros de bem estão cansados de saber, mas é preciso que o processo se dê dentro do que determina a legislação e sem frouxidão por parte da oposição. Contudo, de nada adianta cair na esparrela governista, pois o que a tropa de choque palaciana busca é motivo para continuar entoando ao mantra do golpe.

Qualquer atitude mais exaltada e que afronte o Estado Democrático de Direito será usada pelos esquerdistas como combustível para um ressurgimento político que não interessa ao País, já espoliado em todas as instâncias por um partido que acertadamente já foi classificado como organização criminosa. Aliás, esse status é facilmente comprovado pelos muitos escândalos de corrupção que pontuaram a última década.

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