Longe de ser o imperador de Roma, Temer erra ao sondar investigados para compor governo

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O peemedebista Michel Miguel Elias Temer Lulia, ou simplesmente Michel Temer, está a um passo de chegar à Presidência da República, mas isso se dará não por mérito próprio ou de seu partido, mas por causa dos erros cometidos por Dilma Rousseff. A essa receita de poder acrescente-se dois ingredientes indispensáveis: a coragem e a ousadia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, que, decidido a enfrentar Dilma, não se apequenou diante das muitas pressões advindas do palácio do Planalto. Ou seja, sem Cunha o vice continuaria como tal até 31 de dezembro de 2018.

De mero coadjuvante a protagonista, Temer tem pouco tempo para errar, assim como para acertar. E a primeira imagem de seu eventual governo é a que o acompanhará pelos próximos dois anos e oito meses, caso o Senado decida pelo afastamento definitivo de Dilma Vana Rousseff.

Por certo o governo de Michel Temer não é o dos sonhos dos brasileiros, mas, como diz-se na informalidade, “é o que temos para hoje”. Engana-se quem pensa que a saída de Dilma será a senha para a solução de todos os problemas do País. Ao contrário, os problemas atuais hão de se arrastar por muito tempo, sem que o desfecho almejado surja no horizonte no curto prazo.

No momento em que o Brasil está mergulhado em escândalos de corrupção de toda ordem e em crise econômica sem precedentes, sem considerar as questões éticas e institucionais, a única forma de tratar a política nacional é seguir a teoria de “Jack, o Estripador”: por parte. Tira-se Dilma e o PT do poder, mas depois é preciso cuidar de Temer e o PMDB. Tarefa difícil, porém necessária.

Como mencionado acima, Michel Temer não pode errar, mas ao que parece o vice, quase presidente, insiste em cometer os mesmos erros da ainda chefe do governo. Lotear o governo e nomear acusados de corrupção para cargos importantes.


Se os brasileiros saíram às ruas para protestar – e não foi por causa das pedaladas fiscais – é porque mais do mesmo não tem espaço no cenário atual. E Temer parece insistir na receita que deu errado. A equipe ministerial ainda não está definida, mas a anunciada redução do número de ministérios pode não acontecer. Isso porque o apetite dos partidos por cargos é muito maior do que a necessidade de uma mudança radical. Ou, então, os brasileiros não se fizeram ouvir quando ocuparam ruas e avenidas de todo o País.

Como sempre afirma o UCHO.INFO, política no Brasil só se faz com muito dinheiro. Por isso a corrupção é tão acintosa no País, “obrigando” a classe política a mergulhar no oceano da ilicitude para justificar o investimento feito para conquistar um mandato eletivo. Corrupção não é privilégio dessa ou daquela legenda, mas de todas. Prova maior dessa capilaridade criminosa está escancarada nas investigações da Operação Lava-Jato, em cujo cardápio há delinquentes de todos os matizes ideológicos.

Experiente conhecedor do Direito e das leis vigentes, Michel Temer justifica a possível indicação de investigados na Lava-Jato com o discurso da presunção da inocência. A Constituição Federal garante que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de eventual sentença condenatória, mas na Roma Antiga prevalecia o ditado “à mulher de César não basta ser honesta, mas parecer honesta”. Em suma, se o governo de Temer não parecer honesto, não será a presunção da inocência a tábua de salvação.

Entre a equipe de governo de Michel Temer e Calpúrnia Pisão, a terceira mulher de César, a dúvida cruel que paira é a mesma. Contudo, o quase presidente da República precisa agir como o imperador romano, divorciando-se dos erráticos diante da mínima suspeita e antes que seja tarde demais.

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