Meirelles não descarta CPMF, defende idade mínima para aposentadoria e diz que equilíbrio fiscal é prioridade

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Errou feio quem apostou que o governo de Michel Temer seria a solução derradeira para a crise e que Henrique Meirelles, o homem forte da Esplanada dos Ministérios, seria uma usina de bons presságios. Uma coisa é ser otimista, outra é fingir não enxergar a realidade. Aliás, o balanço econômico do desastrado e interrompido governo de Dilma Rousseff não poderia ser pior.

Em sua primeira entrevista coletiva, nesta sexta-feira (13), o novo ministro da Fazenda destacou que a prioridade do momento é o equilíbrio fiscal para estabilizar o crescimento da dívida pública. Meirelles afirmou ter pressa para conhecer a situação das contas do Brasil. “Eu sou o primeiro que estou muito interessado em saber, estou muito preocupado com isso”, disse.

Questionado sobre a possibilidade de recriação da CPMF, Henrique Meirelles ponderou que a carga tributária do Brasil já é elevada, contudo não descartou um “tributo temporário”.

O superministro evitou detalhar qualquer medida futura, mas lembrou que o governo está começando nesta sexta e é preciso analisar cada questão. “Estamos iniciando um programa de trabalho intenso. A ideia é, no devido tempo, anunciar as medidas que serão tomadas”, declarou.

Meirelles também destacou que a sociedade está preparada para ouvir uma avaliação “realista e honesta” do cenário e sobre o que será necessário para a retomada do emprego e da renda. Ele avaliou que o Congresso reflete a sociedade brasileira, amadurecida para medidas de ajuste. “O que não é possível, é continuar como está”, frisou.


O titular da Fazenda citou a necessidade de reformar as regras da Previdência. “A reforma da Previdência é uma necessidade. A Previdência tem que ser autossustentável ao longo do tempo”, disse. Mais cedo, ele havia defendido uma idade mínima para as aposentadorias.

O ministro informou que anunciará na próxima segunda-feira (16) os nomes da equipe econômica, bem como os presidente do Banco Central e dos bancos públicos. Meirelles evitou dizer se Alexandre Tombini continuará à frente do BC ou se haverá troca no comando da instituição. Contudo, fontes dão como certa a nomeação de Ilan Goldfjan, economista-chefe do Itaú Unibanco e profissional respeitado pelo mercado financeiro. Meirelles definiu apenas um cargo: Tarcísio Godoy, que assumirá a secretaria-executiva do Ministério da Fazenda.

Sobre os bancos públicos, o ministro ressaltou que a escolha dos executivos respeitará um critério técnico e ele terá a palavra final sobre os nomes. “É importante esclarecer que a política de uso do banco público deve obedecer sua finalidade, que é emprestar e transformar poupança em investimento”.

Embora ainda não haja um anúncio oficial, a escolha de Gilberto Occhi para a presidência da Caixa – em substituição a Miriam Belchior – é praticamente uma certeza no grupo que assessora Temer. Funcionário de carreira do banco, Occhi, nome sugerido pelo PP, conhece os trâmites da instituição.

Mais cedo, Meirelles havia informado que a primeira medida econômica da sua gestão será implementar um sistema de controle dos gastos que impeça o crescimento real (acima da inflação) das despesas públicas. Ele classificou esse sistema de “nominalismo”. Ele defendeu o corte de gastos e o fim dos privilégios com recursos públicos.

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