Não deu tempo de Dilma Rousseff assimilar que seu governo foi pelo ralo e muito menos para Michel Temer esquentar a principal cadeira do Palácio do Planalto, mas as expectativas em relação à economia brasileira já sofreram alterações. Com menos de 24 horas do novo governo, vários bancos internacionais divulgaram revisões para cima do crescimento verde-louro.
O Credit Suisse, por exemplo, em nota enviada aos clientes, prevê queda do Produto Interno Bruto (PIB) de -3,8% em 2016, contra -4,2% na estimativa anterior. A previsão para o próximo ano passou de queda de 1% para crescimento de 0,5%. A projeção para o câmbio no fim de 2016, que era de R$ 4,30, caiu para R$ 3,60.
“O nosso cenário para o quadro político embute uma atuação conjunta dos três poderes. Assumimos que, antes de encaminhar os projetos de lei e as propostas de emenda à Constituição para o Congresso, Temer adotará um rito de apresentação dessas medidas para os presidentes do Senado e da Câmara, em seguida, para os líderes dos partidos políticos da base do governo”, destaca o texto.
O norte-americano Morgan Stanley fez revisões parecidas. A expectativa de contração em 2016 foi reduzida de -4,3% para -3,8% e o número para 2017 foi de 0,6% para 1,1%.
As projeções para a inflação também caíram de forma sensível: de 8,1% para 6,9% em 2016 e de 7% para 5,4% em 2017. “A crise política brasileira ainda está se desenrolando, mas acreditamos que há alguma clareza sobre a trajetória de políticas econômicas para os próximos trimestres”, ressaltaram os analistas Arthur Carvalho, Guilherme Paiva e Thiago Machado no relatório.
Nesta sexta-feira (13) foi a vez do Bank of America Merryl Lynch, que mudou suas projeções de crescimento do PIB em 2017 de 0,8% para 1,5%. “O trabalho de Temer não será fácil, já que a confiança é baixa e os indicadores de atividade econômica continuam sem mostrar sinais de uma reversão sustentável nas suas tendências de baixa. Se Temer não conseguir impulsionar a confiança e aprovar reformas fiscais no Congresso, riscos de baixa pesarão em nossas novas previsões”, diz a nota.
Antes de o impeachment ser confirmado, na última terça-feira (10) o Banco Fibra deixou suas projeções para a queda do PIB de 2016 inalteradas em 4,5% (uma das mais pessimistas) mas mudou a previsão para 2017 de crescimento de 1% para 2,1% (uma das mais otimistas).
“A volta do tripé macroeconômico adotado na era FHC deve devolver a estabilidade macroeconômica perdida nos últimos anos e reduzir gradualmente o prêmio de risco país e consequentemente a taxa de juros de equilíbrio da economia brasileira”, afirma o relatório assinado por Cristiano Oliveira e Camila de Caso.
Vale destacar que a reversão de expectativas já estava sendo capturada nas últimas edições do Boletim Focus, do Banco Central, com a previsão de economistas e instituições financeiras para vários indicadores.
De acordo com a edição do Boletim Focus da última segunda-feira (9), a perspectiva de retração em 2016 foi de 3,89% para 3,86% – a primeira revisão para cima deste número das últimas 57 semanas.