Descoberto mais um efeito colateral do paracetamol

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Recentemente, um estudo realizado pela Universidade de Toronto, no Canadá, apontou que o paracetamol – princípio ativo de medicamentos como o Tylenol – pode prejudicar a concentração de pacientes.

Outra pesquisa conduzida por um grupo de cientistas da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, concluiu que a droga também pode comprometer a sua capacidade de sentir empatia pela dor de outras pessoas – seja esta de natureza física ou emocional. Os experimentos foram feitos com mais de 200 estudantes.

De acordo com os responsáveis pela pesquisa, a descoberta preocupa, pois a aptidão de reconhecer o sofrimento do outro é fundamental em diversos momentos de nossa vida, tanto pessoal, quanto profissional.

A apreensão aumenta por conta da popularidade da substância e a frequência com que seus consumidores a ingerem. Conforme a Associação de Cuidados com a Saúde do Consumidor dos Estados Unidos, o paracetamol é um ingrediente presente em mais de 600 medicamentos.

A nova pesquisa, publicada no periódico científico Social Cognitive and Affective Neuroscience, partiu da análise de grupos de controle feita em três etapas. Em um primeiro momento, os voluntários foram intimados a beber um líquido incolor. Enquanto metade deles ingeriu um copo com 1.000 mg de paracetamol, a outra metade tomou placebo.

Em seguida, todos os participantes tiveram que avaliar o nível de dor sofrido por personagens em vários cenários ficcionais. Em alguns momentos, a dor era física; em outros, emocional.

De forma geral, os voluntários que tomaram o medicamento consideraram a dor dos personagens menos intensa do que aqueles que não haviam ingerido a substância.


Um segundo experimento fez com dois outros grupos ouvissem um ruído bastante incômodo. Em seguida, os participantes deveriam avaliar o desconforto dos outros. Mesmo sentindo na própria pele a intensidade do barulho, aqueles que haviam tomado a substância avaliaram a dor dos colegas como diminuta.

Em um último cenário, os participantes deveriam julgar casos em que outras pessoas passassem por algum tipo de rejeição social. Mais uma vez, aqueles que tomaram o remédio demonstraram níveis de empatia baixos.

Apesar dos resultados reveladores do laboratório, os cientistas não sabem ainda a forma exata como a droga atua em nosso organismo. A hipótese mais plausível é que ela afete uma região do cérebro chamada ínsula anterior, fundamental para a resposta empática.

Tendo em vista que a empatia é a capacidade de reconhecer a situação do outro mesmo quando estamos em momentos opostos, fica claro por que, sob o efeito de um medicamento analgésico que compromete esta aptidão, a dor de outras pessoas nos pareça menor. Sem a empatia, o quanto menos a pessoa sentir dor, menos identificará a dor do outro.

Apesar de apontar um efeito até então desconhecido do medicamento, o estudo não sugere que os pacientes deixem de tomá-lo quando sentirem dor. Trata-se apenas de mais um fator a ser colocado na balança no momento em que se opta por consumir, ou não, aquele analgésico.

Além disso, recomenda-se sempre que o paciente procure a orientação de um médico antes de tomar doses repetidas de um mesmo remédio.

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