Autoridades egípcias e gregas divergem sobre a localização dos destroços do Airbus A320 da EgyptAir, que caiu no Mar Mediterrâneo nesta quinta-feira (19). Com 66 pessoas a bordo, o voo MS804 deixou o Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, na noite de quarta-feira (horário local), com destino ao Cairo.
Em comunicado, a companhia aérea afirma que o Ministério de Relações Exteriores do Egito confirmou que destroços foram encontrados próximo à ilha grega de Karpathos e transmitiu “profunda tristeza às famílias e amigos dos passageiros”.
“Enquanto isso, a equipe de investigações egípcia em cooperação com seus parceiros gregos ainda estão à procura de outros restos da aeronave desaparecida”, diz a EgyptAir.
Contudo, o investigador-chefe de acidentes aéreos da Grécia, Athanasios Binis, disse que as peças encontradas no Mediterrâneo não são do avião da EgyptAir. “Uma avaliação do material encontrado mostra que ele não pertence à aeronave”, afirmou em entrevista à televisão estatal grega. Segundo informações não confirmadas, pedaços de madeira foram encontrados ao lado dos supostos destroços da aeronave, o que levou os investigadores à dúvida.
O ministro da Aviação egípcio, Sherif Fathy, afirmou que a possibilidade de o avião ter caído devido a um ato terrorista é maior do que a de falha técnica. O presidente francês, François Hollande, disse que nenhuma hipótese está descartada.
“Precisamos assegurar que sabemos tudo em relação às causas do que aconteceu”, afirmou. “Se foi um acidente ou outra hipótese que todos têm na cabeça, uma hipótese terrorista… Neste momento, precisamos focar na solidariedade com as famílias e na busca pelas causas da catástrofe.”
O que aconteceu?
As equipes militares de resgate francesas receberam um sinal de emergência dos sistemas de segurança automáticos do avião às 4h26 (hora local), cerca de duas horas depois de a aeronave perder contato com os radares, informou a EgyptAir. Isso pode suscitar a hipótese de o avião não ter caído, mas sequestrado.
O avião desapareceu dos radares cerca de 20 minutos antes do horário previsto para a aterrissagem no Cairo. Nesse momento, o Airbus A320 já estava no espaço aéreo egípcio e as condições meteorológicas eram normais. Segundo a EgyptAir, o avião foi fabricado em 2003, e o piloto tinha 6.275 horas de voo. O céu estava limpo no momento do desaparecimento.
Às 2h37 da manhã (horário do Cairo), o Airbus A320 fez um giro de 90 graus para a esquerda e, em seguida, um de 360 graus para a direita, caindo de 37 mil pés para 9 mil pés de altura e desaparecendo dos radares
As Forças Armadas do Egito enviaram aviões e unidades marítimas para a área, a cerca de 280 quilômetros da costa do país. A França anunciou o envio de barcos e aeronaves para a região.
Características da queda sugerem atentado
Investigadores que trabalham para decifrar o desaparecimento do avião da EgyptAir analisam a hipótese de uma falha de segurança no Aeroporto Internacional de Roissy-Charles De Gaulle, em Paris, ter propiciado um ataque terrorista. O risco de uma bomba ter sido colocada na bagagem é considerado baixo, mas segundo os especialistas não se pode afastar tal hipótese.
“A introdução de uma bomba a bordo por meio de uma pessoa em Roissy-Charles De Gaulle ou no Cairo é algo possível”, avalia Gérard Feldzer, um dos especialistas aeronáuticos mais renomados da França.
“É difícil garantir 100% de segurança em um aeroporto, mesmo como o de Roissy, que é muito vigiado. Não é uma hipótese que possamos afastar.”
A preocupação com terrorismo também é forte porque, de acordo com o site especializado Flight Radar, o Airbus da EgyptAir realizou múltiplos trajetos na quarta-feira, antes do acidente. Além do Cairo, o avião esteve em Asmara (Eritreia), em Túnis (Tunísia) e em Paris.
Essa atividade permitir imaginar que um artefato explosivo pode ter sido introduzido na aeronave em um desses aeroportos. “Os serviços de segurança estão examinando todas as condições nas quais a partida do avião foi preparada, quem são as pessoas que podem ter tido acesso à pista e ao bagageiro do avião, assim como todos os passageiros”, disse Troadec.