Ciente de que sua situação piora com o passar do tempo, Lula finge que nada de extraordinário acontece ao seu redor. Contudo, a sucessão de fatos mostra que é grande a chance de o ex-presidente da República ter, em breve, sérios problemas com a Justiça, quiçá não seja preso no escopo da Operação Lava-Jato.
Nesta sexta-feira (20), dia em que a Polícia Federal conduziu coercitivamente seu sobrinho (Taiguara Rodrigues dos Santos ), Lula viu o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizar a inclusão de informações sobre o banqueiro André Esteves – passadas pelo ex-senador Delcídio Amaral –, na denúncia em que o petista é acusado de tentar comprar o silêncio Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras.
Em depoimento de colaboração premiada, Delcídio afirmou que Esteves “é um dos principais mantenedores do Instituto Lula” e que “isso se deve a Lula ter sido um grande ‘sponsor’ [patrocinador] dos negócios do [banco] BTG”.
A inclusão das informações foi solicitada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele apontou “estreito relacionamento” entre André Esteves e o Instituto Lula.
O procurador considera que, embora as doações do banqueiro ao Instituto não constituam crime, o contexto em que foram feitas é “extremamente relevante” para investigações em andamento sobre o ex-presidente, “especialmente a que trata de possível prática de crime de lavagem de dinheiro envolvendo o pagamento de suas palestras”. Aliás, as tais palestras de Lula não têm registros em áudio ou vídeo e é difícil encontrar alguém que tem participado das mesmas.
O ex-senador revelou também que Lula valeu-se de relações pessoais com chefes de Estado, especialmente na África, para alavancar negócios, mas que “não tem conhecimento de que isso tenha ocorrido em favor do Banco BTG”.
A denúncia contra Lula na Operação Lava-Jato ressalta que ele juntou-se a Delcídio e a José Carlos Bumlai (pecuarista e amigo do ex-presidente) e ao filho de Bumlai, Maurício Bumlai, para comprar por R$ 250 mil o silêncio de Cerveró.
O Instituto Lula argumenta que o ex-presidente “jamais” tentou interferir na conduta de Cerveró ou em qualquer outro assunto relacionado à Operação Lava-Jato.
Horas depois da prisão de Delcídio Amaral, em 25 de novembro de 2015, o UCHO.INFO afirmou que seria uma enorme irresponsabilidade se Lula e Dilma Rousseff abandonassem à própria sorte o então líder do governo no Senado.
Lula, apesar de saber que Delcídio era – como ainda é – um arquivo ambulante, cometeu a asneira de chamar o então senador de “imbecil”. Já Dilma, sempre covarde diante de escândalos, adotou um silêncio obsequioso.
Mesmo depois de preso, Delcídio ainda deu inúmeras chances para Lula e o palácio do Planalto terem um gesto de apoio em momento de dificuldade. Como a arrogância prevaleceu mais uma vez, a delação premiada foi a escolha do senador que teve o mandato cassado recentemente. A essa altura dos acontecimentos, Lula deve estar se perguntando que de fato foi o imbecil nessa história.