O Brasil continua endo devorado pela crise econômica, quadro que dever durar por muito tempo. A estreia do governo interino do peemedebista Michel Temer foi comemorada pelo mercado financeiro por causa da competência dos integrantes da equipe econômica, mas não se pode exigir que esses se transformem em operadores de milagres. Até porque, o estrago produzido pelo PT na economia nacional é inédito e devastador.
Para confirmar esse quadro de pessimismo, analistas consultados pelo Banco Central não se deixaram levar pela mudança no comando do País e nem mesmo pelas promessas da equipe econômica, que tem a missão inglória de domar o dragão da crise.
De acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (23), os especialistas do mercado alteraram a projeção para a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 7% para 7,04%, até o final de 2016. Para o próximo ano, a estimativa foi mantida em 5,5%.
Os números mostram de forma clara e inequívoca que neste ano e no próximo o IPCA fechará acima do centro do plano de metas inflacionárias, de 4,5%. O teto da meta de inflação é de 6,5% em 2016, enquanto que em 2017 é de 6%. Cabe ao Banco Central fazer com que a inflação fique dentro da meta.
Um dos instrumentos usados para influenciar a atividade econômica e, consequentemente, a inflação, é a taxa básica de juros, a Selic. Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito, diminuem o consumo e em tese estimulam a poupança.
Sempre que o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, mas a medida afrouxa o controle sobre a inflação.
O BC tem que encontrar equilíbrio ao tomar decisões sobre a taxa básica de juros, de modo a fazer com que a inflação fique dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
A projeção das instituições financeiras para a Selic, ao final deste ano, passou de 13% para 12,75% ao ano. Para o fim de 2017, a expectativa passou de 11,50% para 11,38% ao ano. Atualmente, a Selic está em 14,25% ao ano, uma das altas taxas de juro do planeta.
As instituições financeiras que operam no País reajustaram o nível de encolhimento da economia nacional em 2016. A projeção para a queda do Produto Interno Bruto (PIB), foi alterada de 3,88% para 3,83%. Para o próximo ano, a estimativa de crescimento foi mantida em 0,50%.
Com essa aposta, no âmbito de 2016, fica claro que o Brasil encerrará o ano emoldurado pela recessão, com queda acumulada do PIB de aproximadamente 8%, o que sinaliza recessão. Isso significa que reverter o caos econômico não será tarefa fácil e dependerá das ações do governo, além da boa vontade dos brasileiros.
É necessário destacar que o Brasil precisa muito mais da recuperação da economia do que da eventual prisão de Lula, na esteira da Operação Lava-Jato. Essa ressalva faz sentido porque os brasileiros estão preocupados, por enquanto, com o futuro do ex-metalúrgico, quando na verdade a atenção deveria estar direcionada à gravíssima crise econômica.