Jucá ignorou a regra de que em Brasília não se pode falar de certos temas nem mesmo sozinho

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Em qualquer parte do planeta a política não é para amadores. Assim como não aceita incoerentes e desatentos, apesar de muitos acreditarem na impunidade. Negociador político habilidoso – a ponto de ter sido líder dos governos FHC, Lula e Dilma – o senador peemedebista Romero Jucá (RR) esteve durante apenas uma semana como ministro do Planejamento, depois de trabalhar intensamente pela aprovação da agora afastada presidente da República.

A rápida queda de Jucá se deu no vácuo de conversa nada republicana com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. O ministro licenciado – forma encontrada pelo governo para dar ao peemedebista uma saída honrosa – pode ter caído em uma armadilha montada pelo próprio Sérgio Machado, que em conversa de quase uma hora, devidamente gravada, conversou sobre maneira de conter as investigações da Operação Lava-Jato.

Se confirmada a tese de que Machado gravou a conversa com Romero Jucá, a República está a um passo de ir pelos ares, pois em Brasília cometa-se à boca pequena que o ex-presidente da Transpetro teria gravado diálogos com dois peemedebistas “cinco estrelas”: José Sarney e Renan Calheiros.

O diálogo com Romero Jucá teve como ponto central uma forma de evitar que o processo envolvendo Machado, investigado na Lava-Jato, fosse enviado para o juiz Sérgio Moro. É importante destacar que há meses Sérgio Machado negocia um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava-Jato, mas enfrentou resistência por parte das autoridades por causa de provas pouco reveladoras e não tão consistentes.


Diante dessa dificuldade, Machado teria decidido gravar conversas com próceres do PMDB, os quais o teriam abandonado em meio ao avanço da operação que desmontou o Petrolão, o maior e mais ousado esquema de corrupção da história.

Sérgio Machado teve o nome citado por pelo menos cinco delatores da Lava-Jato – Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró, Fernando Soares (Fernando Baiano) e Ricardo Pessoa (dono da UTC), como a engrenagem que viabilizava a propina paga a Renan Calheiros.

Ex-integrante do PSDB e agora engrossando as fileiras peemedebistas, Machado teve sua indicação ao cargo de presidente da Transpetro avalizada pela cúpula do seu atual partido, o que pode explicar a sua estratégia de gravar conversas com alguns caciques da legenda.

Voltando ao tema… Que conhece os escaninhos do poder, na capital dos brasileiros, sabe que por lá é preciso cuidado redobrado em conversas, até mesmo com supostos aliados e amigos de longa data, mesmo que esses estejam mergulhados no mesmo mar de lama. Ademais, em Brasília recomenda-se que até aqueles que têm o costume de falar sozinho sejam mais atentos.

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