Impeachment: Anastasia salvou a presidente afastada ao rejeitar áudios de Machado como provas

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Se Dilma Vana Rousseff, a presidente afastada, tem à disposição um anjo da guarda, esse tem falhado nos últimos tempos, pois o inferno político em que se encontra a petista parece não ter fim. Contudo, Dilma contou com lapso de sorte na quinta-feira (2), durante sessão da Comissão Especial do Impeachment que funciona no Senado Federal.

Em reunião conturbada, com direito a bate-boca entre senadores e troca de ofensas e acusações, o que mostra o nível da política nacional, o relator do processo de impeachment, Antonio Anastasia (PSDB-MG), rejeitou a anexação de gravações feitas por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. A manobra foi obra do responsável pela defesa de Dilma o petista José Eduardo Martins Cardozo, ex-advogado-geral da União, que tentou levar para a discussão as conversas gravadas com Romero Jucá e José Sarney.

A ideia de Cardozo era mostrar que o processo de impedimento funcionou com pano de fundo para um golpe que visava, com a chegada do interino Michel Temer ao poder central, criar uma frente para esvaziar as investigações da Operação Lava-Jato, que desmontou o maior esquema de corrupção de todos os tempos.

A sorte de Dilma ficou por conta do próprio Anastasia, que ao decidir pela rejeição das citadas gravações impediu que o Petrolão aterrissasse na defesa da petista. O que complicaria sobremaneira a situação de Dilma, que começa a ser alcançada pelos desmandos e crimes praticados no âmbito da Petrobras.


José Eduardo Cardozo vem fazendo o que pode para salvar o mandato da presidente afastada, mas sua missão é inglória e passa ao largo da possibilidade de êxito, uma vez que no Congresso o julgamento é meramente político, apesar do balizamento processual penal.

Apesar da dificuldade da tarefa, Cardozo não deveria perder a coerência, o que coloca em patamar de maior risco a já complicada situação de Dilma. Querer enxertar as conversas gravadas por Machado é abrir uma avenida de possibilidades para que a delação premiada de Delcídio Amaral seja também anexada ao processo. Quando a oposição sugeriu a anexação dos depoimentos do agora senador cassado, a tropa de choque de Dilma esperneou como pôde.

Em suma, é preciso respeitar o amplo direito de defesa, mas não se pode adotar a tese “dois pesos e duas medidas”, pois a balança da justeza há de ficar pensa em desfavor do réu.

Sendo assim, Dilma escapou de mais um tiro no pé disparado por Cardozo, que já não sabe o que fazer para sair ileso de uma batalha na qual jamais deveria ter entrado. Ademais, querer esconder crimes de responsabilidade debaixo de conversas nada republicanas é suicídio jurídico.

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