Senado articula “acordão” para barrar prisões de Jucá e Renan; presidente da Casa nega manobra

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Líderes da base aliada e da oposição no Senado articulam um grande acordo para barrar no plenário da Casa eventual ordem de prisão provisória do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Os pedidos de prisão foram feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e serão avaliados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Se a Corte deferir o pedido, os peemedebistas só podem ser mantidos presos após aprovação do Senado. O mesmo procedimento ocorreu com o senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS). No caso dele, o plenário decidiu, em novembro do ano passado, mantê-lo preso após a determinação do STF. Contudo, Delcídio, abandonado pelo comando do PT, também não contou com gesto de solidariedade de qualquer integrante da bancada durante a votação.

Desta vez, com Renan e Jucá a tendência é de que o plenário se comporte de maneira diferente. O argumento é que o conteúdo que veio a público das conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado não é suficiente para levar um parlamentar à prisão.

Porém, há receio na Casa com os desdobramentos da delação do empreiteiro Marcelo Odebrecht, presidente afastado da empreiteira investigada na Operação Lava-Jato. As revelações do empresário podem levar a novos pedidos de prisão. De acordo com algumas fontes, há mais de 30 senadores envolvidos, quase metade da Casa, composta por 81 integrantes. Além disso, já são 12 os senadores investigados na Lava-Jato com inquéritos em tramitação no STF. Fora isso, a delação de Odebrecht envolveria pelo menos treze governadores.

O discurso oficial é o de que com o que foi publicado até agora, a autorização de prisão não passa no Senado. “Fizemos o pedido para ter acesso à delação e gravações do Sérgio Machado. O procurador-geral que prove que teve e qual foi o flagrante”, afirmou o líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PB). “Não é uma questão de dar uma resposta institucional, porque pode parecer corporativismo, mas é uma questão constitucional. Quem tem que mostrar o ônus da prova é ele”.


O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), também faz ressalvas aos pedidos baseados apenas no conteúdo que já foi publicado sobre as conversas gravadas por Machado. “Na minha opinião, não é suficiente com o que tem. Pode ser que tenha havido coisas que eu não conheça, mas para mim, até aqui, é uma mera especulação de conversas reservadas, sem nenhuma consequência prática”, disse Aloysio.

O líder do PDT, Acyr Gurgacz (PDT-RO), acredita que o ministro do Supremo, Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato, não chegará nem a pedir as prisões. “Se for aquilo que vimos, é fraco. Temos de aguardar. Só com o que tem, o próprio Teori barra. Sem flagrante, o ministro não vai mandar para cá”, afirmou.

Integrantes da cúpula do PT no Senado também não pretendem causar constrangimentos a Renan e Jucá. Gestos de afago foram feitos no mesmo dia em que veio a público os pedidos de prisão formulados por Janot. “Eu queria cumprimentar vossa excelência pela serenidade, firmeza e senso de responsabilidade com que vossa excelência, ainda há pouco, se dirigiu à Nação e a todos nós, seus colegas aqui no Senado”, ressaltou em plenário o senador Jorge Viana, que assumiria a presidência do Senado caso Renan fique impedido.

Inclusive, pouco antes, Viana foi à residência de Renan prestar solidariedade. Além dele, a presidente afastada Dilma Rousseff também ligou para o peemedebista em claro gesto de apoio. Renan Calheiros nega qualquer manobra dos senadores para inviabilizar os pedidos de prisão.

O PT não firmou posição sobre os pedidos de prisão feitos por Janot. Seus principais dirigentes se calam sobre o tema, mas alguns falam em “arbitrariedade”. A página do partido na internet ignorou o assunto. O PT, porém, tem tratado de forma distinta Renan e Sarney, com os quais ainda mantém pontes, de Jucá e Cunha, considerados inimigos. Ainda assim, os petistas nem sequer reagiram ao arquivamento do pedido de cassação de Jucá no Conselho de Ética da Casa.

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